A Deusa da Minha Rua

Este era o nome de uma valsa cantada por Sílvio Caldas, mas poderia servir para mim.

Nesta época eu era foguista da Cia Mogiana, e por força do trabalho eu tirava repouso em Casa Branca, Aguaí ou Ribeirão Preto. Então tive várias namoradas, uma por vez. Namoros curtos e sérios.

Também namorei duas moças em Valinhos. A Maria Emilia namorei por um mês, e a Cecília por seis meses. Um dia eu lhe disse que seria melhor terminarmos, pois eu não estava preparado para um compromisso definitivo. Cecília compreendeu e entre nós sobrou uma sincera amizade e algumas lágrimas.

A razão do título desta crônica é que morava muito perto de minha casa, a Lucy, que tinha tudo de uma deusa: bonita, muito honesta, bondosa, e compreensiva. Tinha um sorriso maravilhoso que cativava a todos.

Certo dia eu disse a um amigo:.”Se essa moça olhar para mim eu caso com ela”.

Alguns dias depois nós nos encontramos no ponto de ônibus, e ela me perguntou se era verdade o que eu havia falado. Eu lhe respondi que sim. Ai nós começamos um namoro curto, visto que ela já não tinha mais os pais vivos. Ela morava com uma irmã. Em seis meses nós nos casamos.

Mas devo dizer que com várias namoradas, também aqui em Campinas, o coração tinha adquirido algumas cicatrizes. Tinha e era normal. Mas um amor puro e verdadeiro cura tudo.

Dia trinta de Maio de 1959, Igreja de Santa Catarina lotada. Eu um noivo que ficou gelado com os primeiros acordes da marcha Nupcial de Mendelsson, estava na frente do altar junto ao Padre Benedito Luiz Pessoto. Com uma rápida olhada vi a minha Deusa, que parecia ter chegado em uma nuvem. Leve com uma postura de rainha, sorrindo, encantando a todos que abarrotavam a Igreja.

Ai eu voltei ao normal e refleti o quanto eu era feliz e privilegiado pelo destino, e teria de fazer muitas coisas boas para retribuir o que Deus estava me dando, em louvor a este grande amor.

Ao contrário do poeta da valsa, eu fui muito feliz, e fiz esta pequena poesia para a minha Deusa.

Eu era um noivo acanhado

Mas no fundo estava contente

Da igreja, os bancos todos lotados.

Não cabia mais gente

E você vinha chegando

Com elegância e leveza

Seu sorriso a todos emocionando

Parecia flutuar como uma princesa

Foi ai que eu percebi

Como o amor era belo

Eu tinha que arrumar um castelo

Para minha rainha Lucy

O tempo foi passando

Nossa união sempre perfeita

Eu cada vez mais te amando

Nos dias piores o amor tudo ajeita

Eu e você vivíamos grandes sonhos

Foi ai que eu percebi

Nunca fomos tristonhos

O quanto eu te amava Lucy

Laércio
Enviado por Laércio em 24/02/2008
Reeditado em 24/02/2008
Código do texto: T873379