Viagens
Vou descrever aqui os preparativos para cumprir uma escala dos trens de passageiros da Cia Mogiana de Estradas de Ferro, onde eu era 2o foguista em 1956.
A equipe de máquinas era composta de maquinista de alta classe, um 1o foguista sempre muito prático, com uns 10 anos na carreira, e um 2o foguista que conhecia muito bem a sua tarefa.
As viagens eram de Campinas a Ribeirão Preto, por exemplo.O N1, trem noturno, com 11 carros de passageiros levava vagões ou carros, como queiram, para o ramal de Guaxupé e Passos, o ramal de Franca, e os restantes iam até Araguari passando por Uberaba e Uberlândia.
Durante o dia de fazer o N1, o 2o foguista da equipe escalada tinha de ir ao depósito de locomotivas para saber qual a locomotiva que iria puxar o trem e, munido de caol e grafite, fazer uma boa limpeza na locomotiva, além de cuidar da lubrificação da mesma.
Naquela época as locomotivas tinham equipes efetivas de máquinas e cada tripulação queria manter a sua locomotiva mais bonita do que as das outras tripulações. Eu, nesta crônica estou falando da nossa 269, que foi minha segunda casa por muito tempo.
Engatávamos a locomotiva no trem, às 21:45 horas e ficávamos esperando os passageiros que vinham, pela Cia Paulista, de São Paulo. Para nós da locomotiva era um orgulho ver a nossa querida 269 brilhando. E muitos passageiros vinham nos cumprimentar e ter certeza que fariam uma viagem muito segura e tranqüila.
Devo dizer que para mim, era quase um sonho fazer parte daquela viagem. Eu que sempre quis trabalhar com locomotivas. Dias felizes que nunca mais voltarão.