Mãe desnaturada
O ônibus entrou na rua onde costumo descer para ir à minha casa e logo notei a aparência do logradouro naquela noite com ele mesmo no dia anterior. Então percebi que algo aconteceria. Sim, pois o princípio de todas as coisas é a impermanência. Mal toquei a calçada com meus sapatos, o ônibus partiu, e eu tratei logo de me dirigir à minha casa, quando, no caminho, deparei com uma mulher e um menino que andavam de mãos dadas na minha direção. Ela era robusta e parecia ter sido bela quando jovem, mas agora caminhava lentamente para a velhice, que demoraria a ser alcançada. O garoto, com olhos sábios e curiosos, aparentando ter apenas dois anos de idade, parecia conversar com ela. Foi preciso que eu ouvisse apenas duas palavras para entender a natureza da conversa:
-Seu inguinorante!