Telhado de vidro
Edson Gonçalves Ferreira
BV. Que abreviatura é essa? Seria uma abreviatura atípica de viagem, de boa vontade, de bem-vindo? Nâo, não se trata de abreviação de nenhuma dessas palavras. É a abreviação de boca virgem, expressão usada pela moçada do seriado Malhação que nunca beijou. Neste momento, sei que muitos de vocês, leitores e leitoras, perguntarão: _ Mas você assiste à Malhação? Assisto sim, ainda sou jovem, pelo menos no espírito. Gosto da energia contagiante de gente jovem. Mas não foi para falar de Malhação que resolvi escrever...
Até os trinta anos, eu era BV, ou seja, boca virgem. Estava com laços ainda com o seminário. Depois, foi que virei pecador. Existem padres, contudo, que ainda crêem que ainda volto para o convento. Não adianta você, leitor ou leitora, contestar dizendo que não presto mais.
Se vocês não são misericordiosos, Deus é. Acho difícil que eu volte para o convento. Não falo que dessa água não bebo mais, posso pagar língua, não é? Santo Agostinho, contudo, só se converteu velho e, depois, virou santo. Então, ainda me resta um tempinho, não é?
Muita gente pensa que santidade está na carne. Não está. Ela está na alma. Eu sou o último dos últimos, mas Deus é pura generosidade e me ama assim mesmo. Afinal, Jesus não morreu na Cruz ao lado de dois criminosos. Deus sabe das minhas fraquezas e meus amigos e amigas também. Quem aponta pecados dos outros são os fariseus. Está na Bíblia. Deus é misericórdia, pura misericórdia.
Quando fala de igreja, não penso em catedrais. Deus está debaixo de qualquer pedra e até na pedra que, porventura, atiram na gente. Ele mesmo disse em bom e sonoro tom que está em todos os lugares. Ele não é elitizado e nem hipócrita e nem covarde. Ele sabe que nós todos tentamos ser melhores do que somos. Se Deus nos ama com nossas limitações, basta.
Divinópolis, 22.02.08