A CULPA É DOS CRONISTAS!

A CULPA É DOS CRONISTAS!

Marília L. Paixão

Vou rasgar metade dos meus versos, mas é mentira! Agora a gente deleta qualquer pensamento sem um mínimo esforço.

Vou aproveitar deste silêncio e solitude e maldizer toda e qualquer falta de companhia, mas o bom de se estar só é poder escrever para estranhos sobre todas as nossas futilidades e até ganâncias. Sem falar das artimanhas. Os escritores são artistas!

Se aproveitam de uma mais que dúzia de dons com as palavras e com criatividade falam de um mundo de esperanças. Esperança de ficar rico ao ficar menos pobre, esperança de ficar famoso ou continuar se sentindo apenas nobre. Na verdade tudo não passa de um sonho. O escritor que diz não sonhar, deve ser louco. Talvez louco por se fazer passar por normal.

Mas hoje?! Hoje não! Definitivamente não foi o meu dia de tentar parecer normal. Falei com Deus, falei mal das Igrejas...Isso lá é normal?! Mas se eu resolver dizer que sou normalzinha de tudo, alguém vai duvidar?! Claro que não! Todo mundo sabe que sou igual todo mundo. Tenho uma aparência normal, meço as palavras ao falar, (quando elas não pulam, é claro!) e grito só quando estou correndo perigo. ( Ou algum bicho correndo atrás de mim querendo me pegar ou quando me sinto insultada. Antes de usar veneno não custa nada um gritinho de aviso.) É por isso que hoje quero escrever qualquer coisa que entorna do coco quando até falta água mas ainda nos sobra aquela massa branca.

Quanto custa uma caminhada cheia de muito suor? Ando sabendo não! Deve ter mudado de preço desde a última vez que fiz isso. Culpa deste computador cheio de estranhos que parecem cada vez mais amigos nossos.

Vou passar a colocar a culpa nestes meus novos amigos por tudo que eu deixar de fazer daqui em diante. Portanto, se eu matar serviço e o meu salário vier faltando uns números a culpa será de vocês. Se ao subir as escadas quando der pane no elevador e eu achar que vou morrer, a culpa será de vocês. E se a tal subida nem for concluída de tanta pressão respiratória, vocês serão todos cúmplices a chorar no virtual enterro.

Mas morrer deve fazer bem, não é mesmo?! Assim que morrer eu escreverei contando.

Quem tem medo da morte não realizou ainda muitos planos. O plano um, por exemplo, que é o de perder o medo. Afinal, estamos vivos aqui só por pouco tempo e tem gente como eu que já viveu essa metade do tempo até bem para dizer a verdade.

E aí, continuar com medo do inevitável, para quê? Deixa esse medo bobo para lá e vamos viver este restinho dos quarenta anos que nos falta mas já sabendo que pelo meio o principal já deve ter sido feito ou talvez nunca será. Você que tem aí os seus filhos na escola dependendo tanto de você e de suas lições de vida deve estar pensando que não pode morrer de jeito nenhum! Pois é, não tenha tanta certeza! Eles darão conta de prosseguirem, mas e você? Fez tudo que queria fazer por você mesmo?

Estamos no tempo da falta de tempo mas quem precisa de muito tempo para pouca coisa? Pouca coisa se faz com o querer. Quer?! Faça! Não faz questão?! Deixe pra lá sem se torturar. Talvez amanhã você nem esteja mais aí para ficar se cobrando de nada. Mas se caso amanhã se interesse em estar bem vivo corra atrás de todos os prejuízos, mas saiba que dizer é mais fácil que fazer. Portanto, quem tem que decidir é você: Faça!

Por que eu, meu amigo sei de um monte de coisas que não fiz e agora não dá mais tempo. Mas tudo bem, de agora em diante, a culpa é sua. Continue me lendo e verá que suas culpas irão aumentando e eu... quer que eu divida a culpa com você?!. Sou um pouco culpada pelo seu bom gosto e paciência e agradeço com freqüência.

Agradeço por que sei que amar esses rascunhos que são coisas do nosso próprio punho é algo em comum entre nós dois, entre nós duas, entre nós três, entre nós quatro. Se for entrando muita gente não caberá num porta retrato. Acho que este site está se enchendo de pessoas inteligentes e a culpa é nossa. Ah! Aposto que pensou que a culpa era só sua!

-----------

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 23/02/2008
Código do texto: T872238
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.