CADÊ A VELA ?

Ao descer do ônibus, logo sentir a diferença e a dificuldade, havia faltado energia. (Tava um breu só). Imagine a periferia sem energia, (Imaginou ?). Escuridão total. Só si via alguns farois acesos. (Pelo meu caminho não passa automóvel, trabalho dobrado). Não uso esqueiro nem fosfóro, (Não fumo). Não há armazem no caminho, (Trabalho redobrado). Solução! cantar. Cantar para que a minha voz fosse reconhecida por alguém no caminho, (Acertei na mosca).

_ Olá professor!

_ (Respondo mesmo não tendo reconhecido meu interlocutor) _ Olá!.

Caminhava com cuidado, tatiando aqui e ali. Meu medo era esbarrar-me em um cachorro qualquer, (Tenho pavor de cachorro, moro de medo, trauma de infância). Entrei na rua principal. Alguns vizinhos haviam emprovisado velas com garrafas pete, (Virou lamparina). Uma aluna se ofereceu a levar-me até a porta de casa, (Aceitei na mesma hora). Sentir-me aliviado. Por pouco não caí num bueiro de esgoto. Subi o beco, encontrei minha casa, minha porta. A aluna esperou que eu encontrasse uma vela, (Cadê a bendita vela?). Pela minha demora, ela resolveu dar-me a lamparina). Fechei a porta. Encontrei as benditas velas. A casa ficou parecendo um altar de igreja. Vou ficar sem asistir o jornal. A energia voltou na hora da novela. Apaguei as velas, saí prá tomar uma gelada. (Tá mais ou menos fria, até nesse estante só tinha luz de vela, falou-me seu tonho).

Voltei, fui dormi.