MUITO CONFUSO
Anoitece. O vento frio bate na janela insistindo para entrar mesmo sem ser convidado. Fico ali parada a mercê das horas... a mercê da escuridão.
Não quero ação, não quero pensamento, quero apenas ficar inerte como seu eu não mais existisse para mim e para o mundo.
Quantas vezes me perdi em ilusões e esperanças, na ânsia de encontrar meu rumo, na certeza de que a partir daquele momento tudo iria mudar, porque na minha cabeça a vida havia se realizado em pensamento de forma plena, segura e cheia de cores.
Esse colorido nunca veio, essa vida nunca começou, nunca se sobrepôs à minha.
Desisti. Estou aqui até enquanto minha lucidez permitir, logo não mais terei discernimento para saber em que mundo estou, logo à minha frente se descortinará inúmeras realidades; diversas dimensões.
Escolho a que eu quiser, fecho os olhos e dela não saio mais. Me perco para este mundo e me deixo encontrar em outro.
Pura opção sem alternativa, pura razão sem explicação.
Parto. Estou viva, me coloco inerte. Transmuto. Modifico. Reciclo.