Algum Lugar, Todos os Lugares
Em algum lugar, alguém continua a cantar uma velha canção... Enquanto escrevo, sei que alguém morreu no Oriente Médio, ou alguém nasceu na China. Um asteróide se encaminha para Terra, cruzando o vácuo espacial, mas mesmo assim... escrevo.
Às vezes a certa passividade diante de tais fatos pode ser irritante, outras, apenas incompreendida. Por exemplo: quem quer saber de asteróide quando o aniversário de 15 anos já é depois de amanhã. Asteróides demoram anos para achar seu alvo - e se conseguirem achar. Crianças nascem todo dia e todo dia alguém planta bananas de dinamite no carro e "Boom", mas algumas vidas em nome de Alá.
O mundo é assim, caros leitores: passivo. Tentamos ler jornais e revistas e a irrelevância continua sendo primordial diante dos fatos do dia-a-dia. Mas o segredo está aí: nada é mais importante que nosso mundo, não o Planeta, mas "Nosso Mundo". Só algo realmente grave e iminente pode nos tirar desse aconchego egocêntrico. Fatos pequenos não nos fazem ir para igreja mais vezes - aliás, nada faz!
Então, querem saber por que o mundo não acabou ainda? Porque tudo anda passivo na nossa aldeia. Nada pode nos tirar a "tranquilidade" e o "bem-estar" de estar a salvo. Enquanto a fome ou a guerra não ancorarem no porto, não precisaremos de mais comida ou remédio. Mas é aí que todos se enganam. A fome e a guerra, não imigram, brotam do solo.
A canção é a mesma para todos, e aquele alguém ainda vai cantar, enquanto escrevo...