ALMAS GEMEAS .

 

 

   Acabo de receber um convite para o segundo casamento de um amigo. O que há de interessante nisso não é o segundo casamento em si mas a história que finalmente o levou ao altar para se casar com aquela, que ele mesmo diz, ser sua alma gêmea.

   Não é de hoje que o casal se conhece. Com certeza estiveram juntos em outras vidas. A primeira vez que seus caminhos se cruzaram foi nos tempos de grupo escolar, onde estudaram juntos por dois anos. Eram coleguinhas inseparáveis nas horas do recreio e nas festinhas, até que o pai da menina, por ser militar, foi transferido para outra cidade e então eles se separaram pela primeira vez.

   Os anos foram passando, veio a adolescência e eis que certo dia, numa festa de formatura os dois, agora belos jovens, se reencontraram. A família da moça tinha acabado de regressar a cidade natal. A surpresa não foi maior que a alegria. Conversaram durante muito tempo, praticamente ficaram juntos até o final da festa.

   Dia seguinte, ele telefona e dois dias depois estavam namorando, namoro de fogo e paixão que durou aproximadamente três anos. E aí o destino, mais uma vez os separou.

   Desta vez foi a família do rapaz que se mudou para o norte do país e não houve jeito, ele deixou a namorada . Se corresponderam durante algum tempo , mas um dia ele achou melhor acabar com o relacionamento, preocupado que estava em não atrapalhar a vida da moça que, pensava ele, poderia conhecer outro rapaz e quem sabe casar-se.

   O tempo, na sua marcha irreversível continuou seguindo em frente e em conseqüência, meu amigo conheceu outra moça, inteligente, bonita e prendada e o casamento aconteceu de forma natural e inevitável. Dessa união vieram dois filhos, um casal.

   Enquanto isso, a jovem , a alma gêmea do meu amigo também conheceu outra pessoa, casaram-se e da união vieram três filhos, todos homens. E o tempo continuava sua caminhada até que um belo dia a morte chegou para a esposa do meu amigo.

   Doença súbita, morte rápida e sem sofrimento. Meu amigo, desgostoso, não quis outra companhia e continuou tocando sua vida sozinho, dedicando-se com todo vigor aos estudos , ao trabalho e aos filhos, já casados.

   Do outro lado do país, a jovem passou pela mesma situação. Perdera o marido, ficara viúva e decidiu também se dedicar inteiramente aos filhos e aos netos. Mas o destino, as vezes nos prega peças ou melhor, conserta fatos, muda o rumo e promove reencontros.

  Um dia, por conta de uma proposta melhor para novo emprego , meu amigo volta a cidade de onde saíra há tantos e tantos anos atrás, sem imaginar o que o esperava.

   E justamente numa festa de casamento a qual ele não queria ir, eis que tem a agradável surpresa de rever sua antiga paixão, mais madura e ainda bonita, sentada a uma mesa, ao lado de um dos netos. Ele aproximou-se, certificou-se de que era ela mesma.

   Relembraram velhos tempos e se despediram sem que naquele momento houvesse qualquer promessa ou intenção de ambos para um encontro. O tempo passou e um ano depois o destino mais uma vez os reuniu .

   Encontraram-se por acaso numa loja infantil. Ambos sorriram pois estavam comprando presentes para os netos. Dali foram a uma lanchonete, conversaram , desta vez trocaram telefones com promessas que não foram cumpridas de se comunicarem brevemente.

   Pois bem, o Natal passou, veio o Carnaval e num sábado de aleluia eles mais um vez se encontraram por acaso e desta vez, depois de poucos minutos de conversa, resolveram confessar que, sem que pudessem entender e explicar a razão, sentiram muito a falta um do outro, além de que mais uma vez e estranhamente tinham perdido os respectivos telefones. Várias vezes, por coincidência ou não, tinham pedido a Deus para que não só pudessem se ver novamente como também para que não se afastassem mais .

   A conclusão ou o que aconteceu depois não importa. O melhor é que hoje, ele com sessenta anos e ela com cinquenta e cinco , estão se preparando para um casamento que meu amigo diz ser o reencontro de uma união que já dura uma eternidade.

   Diante de tudo o que ele me contou, das idas e vindas, do tempo em que ficaram sós, da perda dos números de telefone, e daquela estranha sensação de que um dia iriam se reencontrar, passei realmente a acreditar que existem almas gêmeas.

   Meu amigo, antes de se despedir, me abraçou e disse uma frase que mostrava toda sua confiança e fé na união que desta vez ele acreditava era definitiva. Disse-me ele: “Caro amigo, podes ter certeza de que se tivesse que esperar por ela mais cem anos, eu esperaria....”

 

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(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 22/02/2008
Reeditado em 08/01/2013
Código do texto: T870540
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