FELIZ ANIVERSÀRIO! ( Humor)
Era aniversário de uma amiga comum. Jeane, recém-casada,receberia pela primeira vez em sua nova casa, que ficava um pouco afastada. Meu senso de direção é péssimo e tinha certeza que com ele não chegaríamos lá. Ana, porém, garantiu que sabia o caminho e combinamos ir juntas.
Fomos em um buggy Selvagem: eu, Ana e Fernandinha que ainda morava naquela barriga enorme que a mãe expunha com orgulho.
Na BR 101, à altura do Centro Administrativo, Ana vira-se para mim e pergunta "Veca estou sem batom?" Ao que eu respondo negativamente, querendo saber o motivo da pergunta. Ela se justificou dizendo que estava estranhando, pois todos estavam olhando para nós e a única coisa que poderia chamar atenção dos outros motoristas era a falta de batom (tinha que contar isso, pois nunca me passou pela cabeça que a ausência de batom atraísse atenção no trânsito).
Continuamos com Ana cheia de segurança. Um pouco à frente entrou na rua que o mapinha indicava. Importante fazer um parêntese para dizer que isso aconteceu antes do boom do celular, portanto não tinhamos comunicação.
Depois que entramos no bairro da nossa amiga aniversariante, comecei a desconfiar que Ana não conhecia o caminho, porém continuava com o mesmo ar de segurança: “A gente acha, fique calma”. Dizia ela.
Fiquei calma até que nos distanciamos da área mais habitada e começou a escurecer. Rodamos, rodamos e cada vez ficávamos mais perdidas.
Eu já começava a ficar preocupada, quando a coisa piorou: o carro simplesmente parou e não pegou mais de jeito nenhum. Estava escuro e não tinha uma casa habitada naquela rua.
Éramos eu, Ana, Fernanda (na barriga de Ana) e só. Até que vimos um homem se aproximando. Entre o medo e a esperança, optamos pela última. Perguntamos se ele entendia de motor e ele disse que não, mas que poderia empurrar o carro, só que não poderia soltar o pato. É isso mesmo, o homem trazia um pato vivo em uma das mãos. E era um pato enorme.
Como eu não quis segurar o pato do cara, empurramos o buggy eu, o homem do pato e o pato. Ana na direção, eu com toda a minha força de um lado e o homem empurrando o carro com uma mão e com a outra segurando o pato que grasnava alto. Uma cena inesquecível, mas inútil. O Selvagem não saiu do lugar.
Perguntamos, então, onde havia um telefone por ali, uma vez que não tínhamos visto um orelhão sequer. O homem respondeu que o telefone mais próximo ficava na delegacia.
Ok, tínhamos nos formado há pouco em direito, mas eu detestava delegacias.Ana adorava, ainda bem! Sem outra alternativa, seguimos no escuro, entre uns matinhos e pequenas dunas até a delegacia onde fomos muito bem recebidas pelo atencioso delegado que fez uma ligação para casa da aniversariante, identificou-se e comunicou que duas amigas dela estavam em sua delegacia.
Depois do susto fomos resgatadas pela aniversariante que deixou os demais convidados em casa e foi nos “soltar”.
Evelyne Furtado
TEXTO PUBLICADO NO BLOG MULHERES EM DOBRO
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