SINFONIA QUE ME ACABA

Nem de perto lembra-me Bethoven. Mesmo que eu tivesse um sono de pedra, acordaria,( Acho até que só se estivesse ligeiramente morto). A melodia é de longe, inevitável.

São dois amarelo ouro, dois amareloe preto, juntando-ser a dois verde e amarelo. Total, seis loucos cantores. Eles começam as quatro horas da manhã, (E quando digo quatro é quatro mesmo). Quem primeiro começa são os dois amarelo e preto. Ela chega, se sacode, e entra em casa. Ele para na porta e solta o verbo, (Literalmente). Em seguida vêm os dois amarelo ouro, (Pau puro). Prá terminar, os dois verde e amarelo, (Fechando ou terminando tudo com chave de ouro, terminando é força de expressão, pois eles começam, e não param mais, (Ai prá mim não tém mais jeito , é acordar ou acordar, digo, levantar). Ligo a tv, e tome assistir jornais matinais, (Diga-se de passagem, graças a eles nunca perco o horário.

Os espaços que eles utilizam, são assim no minímo, só deles, (Cada qual no seu, e ponto final). Os mais felizardos são os amarelos e preto, estão no topo da pirâmide social. (Do outro lado da rua, acima do meu andar, (E eu não moro tão alto assim). Ah sim! ia esquecendo-me, os dois estão soltos, (Isso mesmo). Os outros quatros , trancafiados, separados em duas alas, (Cada dupla em sua gaiola). Apesar de tudo, os dois verde e amarelo, moram num verdadeiro palacete, (Um viveiro que é o dobro no tamanho da gaiola dos canários). Isso mesmo, és a identidade dos seis. Um casal de bem-te-vi, um casal de canário-da-terra e um casal de periquitos.

Com tal sinfonia, eu já ando de olheiras, (As vezés tenho que tirar um cochilo mais tarde). Mais como me queixar, se os outros habitantes valorizam tal apresentação. Isso porque as gaiolas não estão no quarto deles.