CANDINHA !

Lembro-me de quando ainda criança em Serrinha, (Sertão da bahia), era comum ver pessoas debruçadas nas janelas e sacadas a observar o movimento de vai-e-vem das outras, dos carros, carroças, carro-de-bois, lambretas, bicicletas, gatos, cachorros etc, etc. Naquele tempo, (E não tem tanto tempo assim, eu sou de 65), fazia parte de algo que devo rotular como cultural, era até engraçado.

A graça termina aqui. Hoje em dia, ficar alguns minutos que seja debruçado na janela ou sacada, ou até mesmo parado na própia porta de casa, pode muito bem ser chamado de X9, Corujão, Alcaguete, Tubisca, e outros afins. Há aqueles que até se profissionalizaram, em observar, (Ou urubuservar, como diz os mais entendidos no ramo de bisbilhotar). Chegam de mansinho , e se puderem, alí ficam o tempo todo, só saindo para realizar aquelas tarefas que nem eu nem você podemos realizar por elas.

Nessas minhas andanças, já vi de tudo um pouco,daquela que acorda bem cedinho e senta-se a porta de casa, (Ela não se permitia perder nem um zinho se quer). Daquela que abria a janela logo cêdo e só a fechava ao dormir. Daquela que até mesmo debaixo de chuva, não arredava o pé. Daquela que fazia as unhas todo santo dia, mais tava lá. Daquela que vivia varrendo a porta da casa, prá não perder nadinha de nada. Daquele que se dizia criador de várias espécies de pássaros, só prá ficar na varanda o dia todo cuidando das gaiolas. (Isso mesmo eles também gostam de está bem informados). Daqueles que mesmo havendo espaço sísico prá consertar seus automóveis, preferia fazêlo na porta de casa prá tá ligadão e até mesmo daquelas que inventavam a má condição remunerada prá colocar um tabuleiro na porta a fim de ganhar uns trocados e curiosamente manter-se bem informada.

O que mais me imprecionava, era o fato dessas pessoas, se dizerem, não estarem nem ai prá vida alheia. E eu, bem desde aquela época de criança que gostava de ver as pessoas nas janelas e sacadas,´por entender que era uma coisa cultural, acreditava nelas.