Uma história surreal ...

 

Recentemente, recebi um e-mail de um amigo, me contando um caso que saiu há pouco tempo nos jornais: uma mulher de 50 anos se apaixonou no msn e internet por um homem de 60, ela de SC e ele do RJ. Os dois finalmente foram se encontrar em Floripa, mas ela estava tão ansiosa que acabou tendo um infarto no aeroporto antes dele chegar no avião. Resultado: o homem foi ao enterro dela e foi a primeira vez que ele a viu pessoalmente, no velório.

 

Diz meu amigo:

 

“Que história surreal né? Ela era ansiosa demais...eu refleti o seguinte: nossas emoções é que são perigosas! Se ela fosse bem calminha e fosse no aeroporto receber ele tranqüilamente...mas penso que ela deve ter cismado que o tal cara não gostaria dela, embora pelo que ouvi na tv eles se conheciam por cam. Mas foi uma tristeza mesmo, ironias do destino. Mas a vida às vezes é assim mesmo.  Eu já fui mais ansioso, já tive ansiedade e stress, hoje aprendi a levar a vida da seguinte forma: vivendo cada dia e, antes de dormir, repassar tudo o que disse e o que fiz, pra consertar, psicologicamente falando, os "erros". Ansiedade e estresse matam mesmo, arrisco a dizer que é o mal da humanidade atual, é muito difícil ficar tranqüilo numa grande cidade, por exemplo.”

 

Diante dessa história quase surreal, como diz meu amigo, gostaria de fazer uma reflexão sobre seu comentário.

1.      Ela era ansiosa demais ...- Sim, uma pessoa ansiosa é uma pessoa que não vive o presente e sim o futuro. São, mormente pessoas que colocam a “carroça na frente dos bois” e passam a viver aquilo que ainda não existe e que talvez nunca vá existir. Essas pessoas carregam muitos fantasmas dentro de si, principalmente o fantasma do medo,  e vivem com o coração acelerado, sentem afagias, dores de estômago, dores de cabeça, etc. e sofrem muito por antecipação, pois têm a tendência a imaginarem tragédias ou o fracasso.

 

2.      Nossas emoções são perigosas ... -  Se as emoções não forem bem entendidas por cada pessoa e estas não possuírem um autocontrole, elas podem se tornar perigosas mesmo. Se a pessoa não conhecer seus próprios sentimentos e emoções, e se sua auto-estima estiver baixa, ela pode se tornar sua própria inimiga e entregar o jogo antes de começar a jogar.

 

3.      Ansiedade e estresse matam mesmo, arrisco dizer que é o mal da humanidade... – Concordo inteiramente com a reflexão de meu amigo. Se a pessoa, hoje em dia, sucumbir aos apelos do sistema capitalista-consumista-descartável, ela, certamente, ela se perderá de si mesma na sua singularidade e o corpo-mente se desestabilizará, desencadeando as mais variadas doenças psicossomáticas, podendo mesmo  chegar à morte por falência dessa interação psico-soma.

 

Olhando esta história de fora, da forma superficial que os jornais noticiaram, podemos pensar que, talvez a mulher santacatarinense, estivesse muito ansiosa por conhecer seu amigo carioca e que (admitindo que ela não tivesse nenhuma doença cardíaca preexistente) foi tomada por uma forte emoção a qual não soube administrar e controlar.  Ainda podemos pensar sobre o que aquele encontro significava na vida dela e o que aquela emoção tinha a ver com sua história pessoal.

 

Meu amigo também fala da possibilidade desta mulher achar que seu amigo não gostaria dela. Esta hipótese revela uma baixa auto-estima que enfraquecia o ego desta mulher e a colocava muito vulnerável às frustrações da própria vida. 

 

Enfim, diz ele que se ela estivesse “calminha” tudo daria certo.  Sim, é também uma possibilidade. As pessoas calmas, normalmente, têm mais chances de avaliar os problemas que surgem e as emoções que lhes acometem no dia a dia. Desta forma, elas são mais capazes de manter um equilíbrio emocional e de esperarem o momento certo  para saber o que fazer com cada instante que a vida oferece. È sempre bom, olhar para dentro de si e procurar entender, sem medo, suas próprias emoções. Se não conseguir, um terapeuta pode ajudar nesta função.  Conhecer a si mesmo é uma sabedoria antiga de amor a si mesmo e também uma forma de evolução e de auto-proteção.

 
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Agradeço, mais uma vez a meu amigo, Rogério, por estar sempre me trazendo algo atual e interessante para pensar e escrever.