ERA UMA CASA.....

ERA UMA CASA....

O Coletivo ia correndo pela av, chovia o suficiente prá deixar as ruas alagadas e sozinhas. O vento friu que soprava, dava a empressão de que a noite seria longa. Não havia engarrafamento, parecia que alí ninguém habitava, (Uma cidade quase fantasma). Eu olhava o pequeno movimento da minha janela. Ao meu lado, ela sentada, recostou a cabeça sem nem ao menos se preocupar de quem era aquele ombro. Não me encomodou, (A Princípio, iria decer do coletivo, 40 minutos mais tarde).

Naquela altura do campeonato, está alí, resguardado da chuva, era o que mais importava. Alguns semáforos, piscavam em amarelo, avisando que a atenção deveria ser redobrada. O cobrador, (Por aqui, é assim que o tratamos), ouvia seu walkman descontráido e relaxado. O motorista estava sobre alerta. Uma senhora ninava uma menininha, recostada a janela. O baleiro, divertia-se contando a guia do domingo que estava findando-se. Duas garotas sorriam, comentando a respeito do asédio sofrido durante um certo aniversário que havia acabado em pancadaria, (Nada é perfeito), alí abrigados do "toró", parecia-mos uma família, (Mesmo que não nos conhecessimos). Olhavamos uns pros outros, como quem dizendo: _ Estamos seguros.

Salvador a noite é uma cidade bonita. Mesmo com chuva. As luzes davam um ar de senhora adormecida. (Passamos sobre um buraco, e que buraco), o sacolavanco fez todos sorrirem e se ageitarem em seus lugares. Ela não acordou, a menininha não acordou. Sua mãe a apertou ainda mais no peito. O motorista diminuiu a velocidade, (Era mais prudente). Busquei deixar uma pequena fresta na janela, ( O ar ficava tenso), os demais fizeram o mesmo. O cobrador comentou que se não fosse os fones, colocaria a música mais alta para que todos podessem ouvir, ( A música "TODA BOA" a melhor do carnaval esse ano), sorrimos.

Pela janela, notava eu, que " o povo da rua ", buscava abrigo a qualquer custo. Eles não estavam em " nossa casa ".