Droga de elite, o filme (Sinopse)

Depois de perceber que o noticiário nunca chama de drogado o cara completamente embriagado começou a suspeitar do movimento no prédio. Era o proprietário da cobertura ao lado. Fruto do perfeito resultado de notas fiscais superfaturadas, pois acreditava no país com suas leis, e por causa delas, procurou se divertir um pouco com a garantia das licitações. Foi um pulinho para agitar e ser feliz como todo mundo deseja. Estava para ver como são tapadas as caras de elite (sic) queimando o café como Vargas. Acabaria o conflito valorizando a erva que ele patrocinava, para não dar duro num escalão mais alto.

Iam até a favela e matavam noventa e nove por cento de inocentes para um bandido fotografado entre o poderoso arsenal pesado. Isso é que elite! (Os números não mentiam) Os restos na pobreza, sem dentes, na maior pindaíba, sem estudo, ganhavam um dinheiro bom para levar até os bairros ricos o pouco de alegria geral. Rapaziada zen e ilustrada constituía a turma carnavalesca de sempre em todos os tempos.

Claro que achava uma pena ter que deixar o pessoal pobre e sem recurso lidar com a parte do conflito. Mas virando filme como um desses acabaria ganhando um Amigo Urso de prêmio, além dos aplausos cínicos de sempre. Tudo bem! Onde já se viu achar a verdade sobre esse tema em filme? Onde já se viu tratar dependência química a tiros?

Só os meios que dependem da violência podem aceitar uma trama dessas. Senão desemprego. Democracia. Paz. Descriminalização jamais! Cadeia geral! Renderia uma boa película mudar o enfoque para a luta contra os costumes alheios de passar para o outro lado como fez o Presidente. O indivíduo tem seu modo de passar para o outro lado. Parece risível. A fome abstrata não merece atenção sobre a alcatra concreta! Trabalhador trabalha, não fuma! Filosofia de pobre é maconha! Não interessa. Ficava coçando as barbas e olhando a inteligência da elite tacando fogo nos morros e favelas. A dinheirama rolando num rio de sangue. Insolúvel.

Corte. O país nada lhes dá exceto uma casinha no morro e sem nada.

Personagem central oferece aos mais cabras do sertão uma renda, que não era extra, mas era boa. A turma ganhava dinheiro bom, (grana suja segundo o Dr. Bactéria que nesse ponto garante a inexistência de independentes químicos) para pagar a refeição e as contas da casa. Hospital para os manos simplesmente doentes. A idéia da trama era botar todo mundo na cadeia no final. Só que faltaria cadeia na realidade. E todos retornariam ao ponto de partida: a favela tironeada da sorte, literalmente. Menos ele com seu suspiro de igualdade.

- Vamos todos parar na cadeia, legalmente! Disse ao empresário Comparsa. Rindo tonitruante. Logo ele que nunca viu um tanque subir aquela bela rua ladrilhada de diamantes onde morava. Vamos esperar que a coisa se agrave ainda mais, e assim, sem a liberação, dão-se asas para a imaginação do poder. Que grande golpe! Construído com a tática lenta do apavoramento da opinião pública. As pessoas simples morrendo por causa de um bando de vagabundos que estão apenas para a diversão. Aliados do trânsito que é o empecilho e não gosta de malucos. Dos esportes que sarado não segura essa. (Ingenuidade). O diabo é que liberação das drogas acabaria imediatamente com a festa financeira. As mesmas que existem em toda a parte. Nasceriá erva boa como daninha até no muro das igrejas, nos pátios, nos vasos de apartamento. A própria igreja se convenceria de que é melhor um soldado fuzilar plantinha do que o semelhante. Daninha? Erva? Nem tão daninha quanto mais natural. Enquanto nada acontece encher a cara fica sendo o melhor refresco lícito. Proibir tudo não dá. Liberar tudo também não dá. Essência perfeita da balança comercial instintiva. Qualquer governo do mundo cairia sem a consciência da necessidade de uma pinga federal instituída pela tradição. A concorrência prática, histórica, que também sem droga nenhuma, ninguém é de ferro. E vejam que até a poluição industrial possui limites aceitáveis. Ficava danado da vida de ver aquela gente bem nascida trancafiada numa casa cheia de câmeras se ferrando uns aos outros com atributo de “brother”. Com a liberação acabaria o filme e o ponto alto de elite. Revolucionário (pobre também tem sua sede) levanta e diz: a maconha é o ópio do povo! O importante desse fumo-d'angola na tela é dar trabalho para a fina flor, estava convencido. Aliás, basta ligar a televisão para receber uma imagem pavorosa desses filmes enlatados, mas um pouco de sexo natural é pecado mortal. Droga! Há droga em todos os lados que ela em si é apenas um mero exemplo levado muito a sério pelo capital. O despertar do ódio oculto da formiga viciada em trabalho contra a cigarra numa boa. O filme termina com um tremendo golpe. Decerto um filme baseado numa trama política de elite ao modo suburbano da releitura. Para assistir sozinho no gabinete. Baseado, hum... No desejo de glória irrefletida das imagens triviais que não vi e não gostei.