QUANDO A CONHECI
Ela estava um pouco acima do peso, baixa, cabelos longos – pretos, não tinha sardas; reparei bem: seios enormes (enquanto que outras possuíam seios achatados...). Olhar, como dizer: talvez perdido no espaço-tempo.
Poucas vezes a vi caminhar – refiro-me a longas caminhadas, mas sempre tinha um andar lento (não por estar um pouco acima do peso, talvez fosse o seu estilo).
Possuía charme (digo ‘charme’ porque já li isso em alguns autores, mas pra mim não o é). Ficava – quando podia e tinha – horas a tragar aquele cigarro. E dizia quando o meu olhar a repreendia: “Você me conheceu assim!” olhava-a , às vezes comentava: “Ainda não disse nada.” “E precisa dizer?”
Outro fator intrigante: raras vezes a vi ‘alegre’ por causa da bebida – e gostava, como eu, de uma boa geladinha – de preferência a que desce redondo!
Mais intrigante ainda? Seu sorriso – quando não sua risada gostosa. O primeiro: sempre enigmático; o segundo: não sei o porquê me alegrava lá dentro, lá no fundo da alma. E sempre me dizia: “Não me pressione, aos poucos vou me soltando...” – e a timidez foi indo, aos poucos, embora. Eu fui me acostumando a ela.
Tentei – não muito – por várias vezes afastar-me. Juro que até este exato momento ainda não consegui – e, às vezes, penso que não quero.
Quando a conheci em toda sua timidez (e minha também), juro que foi por acaso. Provoquei novos encontros: deu no que deu – continuo sempre a conhecê-la. (2007)
Prof. Pece
Araçatuba / SP