No mar tudo é típico
Típica afluência de pessoas, vindas de toda à parte. Tudo se oferece aos olhos no mar. Essa nudez alenta os quietos e tristes. Alegra ainda mais os que afluem como libélulas boiando ao sol. Como ondas os homens bebem trocando idéias a transbordar cerveja espumante. Celebram embevecidos a grandeza do oceano ficando alto para não sentir a humilhação. Para tapear os poucos recursos todos saboreiam certa expectativa de simplicidade comum.
- Tiago, por favor, quem é aquele homem que vem vindo lá?
- É o Tio. Um tiozinho que anda pela praia vendendo poesia.
- Vendendo?
- É.
- Como assim?
- Por um real ele recita um poema. Pede um real e se lhe dão, pimba! Ele recita o que lhe vem a cabeça.
- Drummond, Quintana?
- Nada. O que lhe vem. No bar algumas bocas intimavam o Tio para que recitasse um poema, mas tinha que vir acompanhada de um real, senão o silêncio. O “um” de “um real” era feito com o dedo indicador que desenhava o valor como fazem as crianças. Depois ele vai embora, disse Tiago, tontamente, balançando a cabeça, o corpo, num indício de inconsciência.