Visão clara para segundas intenções
Que eu não vou é para lá. Tentava despistar o homem. Mas não tinha jeito senão prosseguir, pois outros passageiros aguardavam o desfecho da conversa. Desculpe-me, mas como disse? Acontece que eu ouvi a senhorita perguntar ao motorista se passava no Largo dos Juncos. Está vendo. Fico confusa. O fato de ter perguntado se passa ou não. Não é nada disso! Que eu não vou para lá. Vou mesmo para a rua... O ônibus estava lotado. E qual é a rua que a senhorita vai? Eu vou para a Rua dos Juncos. O Largo passa antes do jóquei. Acontece que eu não vou para essa rua, dos Juncos. Eu ouvi e acho estranho. Estranho. Por quê?
Com isso o ônibus chegava ao jóquei.
Havia conclusões erradas em série. Passava-se no Largo. Passava-se na Avenida. Se haveria de descer... Desceria no mesmo lugar. Decerto a desconhecida não se sentiria bem dando uma informação como essa no ônibus. Veio à lembrança da exata localização. Julgou já ter estado lá mais de uma vez. Ela era linda e mais quando dizia: que eu não vou é para lá! Revirando os olhos entre o sutil e o triunfante. Aquele rostinho melava qualquer suspiro de desalento.
- Agora a senhorita veja... Na direção oposta, estamos...
- Nem brinque. Ou é ou não é?
Na frente o deficiente visual do primeiro banco levantou primeiro e gritou para todos.
- Rua dos Juncos, mulher! Vamos descer na Rua dos Juncos agora!
Ela desceu compenetrada caminhando de braços dados com o deficiente visual.