Era só o que faltava! - Não deixe de ler!
A balela do enterro do modelo neoliberal dos oito anos nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, durou menos que a ressaca de uma noitada. Ao choque da posse, não resistiu, causando o debate interno nas reuniões partidárias. A turma que não engoliu o truque, acabou expulsa ou saiu batendo a porta para fundar o P-Sol.
O despejo do ex-todo-poderoso ex-deputado José Dirceu, da Casa Civil e sua substituição pela atual poderosa ministra Dilma Rousseff, pode ter alterado a rotina, mas, não alterou os impulsos do borracho palaciano.
Depois de tantas, uma incoerência a mais ou a menos não faz diferença nas contradições e tolices oficiais. Pois não é que o presidente, com água pelo pescoço na ressaca da crise, acusou a oposição de golpismo? Injúria embrulhada no papel pardo da ofensa. Burrice! Pois a última das insanidades que a oposição poderia cometer seria exatamente, empurrar o presidente para o despenhadeiro do impeachment.
A oposição espeta as bandarilhas no cachaço do candidato à reeleição para sangrar, mas, dosa as cutucadas para não estragar o espetáculo.
A briga familiar do PT, com o trambolhão do governo nas pesquisas, depois da inundação de lamas da corrupção que atolou o mesmo até o gogó, inspirou o Diretório Nacional do PT, em solene reunião, a aprovar, pela diferença de um voto “o que caracteriza o racha”, a espantosa nota oficial com duras criticas à política econômica, com pauladas na meta de superávit primário e juros na estratosfera.
A discussão sobre quem está certo ou errado, fica por conta dos especialistas. Mas, pelo nó que está sendo atado na cabeça do eleitor petista, justifica a advertência. Daqui a menos de um ano, as urnas eletrônicas serão digitadas para registrar os mais de cem milhões de votos, nas eleições simultâneas para presidente da República, senadores, deputados federais, estaduais e vereadores.
Ao esconder-se na cabine indevassável e digitar as teclas de um XT melhorado, o eleitor petista enfrentará o dilema da coerência. Dando como certo que Lula disputará a reeleição, o voto do petista de carteirinha para emplacar o bis do novo mandato, endossará a política econômica neoliberal, com seus efeitos colaterais do superávit primário e dos juros na lua para segurar a inflação. E, no voto para eleger os parlamentares, vira a casaca, para apoiar a maldição do partido à mesma política econômica.
Mas, cá entre nós, reconheça-se, em reverência à verdade, que mesmo no trapézio da contradição, entre os imperdoáveis tropeços do perjúrio, o mais chocante foi a virada na política econômica, confiada ao ministro Antônio Palocci, da Fazenda.
Embora o dejeto palaciano tenha respingado nas cuecas de Palocci, simplesmente deixou de usá-las, cobrindo a virilha com a bainha da camisa.
O absurdo da situação salta aos olhos: enquanto Lula atiça o fogaréu que esfumaça o seu gabinete, entre os líderes do governo e da oposição, prospera a sondagem para o improvável remendo constitucional que sepulte a reeleição, que não deu certo “garantindo o direito do presidente disputar o segundo mandato” e com o mandato presidencial de cinco anos, a partir da eleição de 2010, sem reeleição.
Era só o que faltava!