Era uma vez um sapo...
...eu vou contar pra vocês...
Ele vivia feliz no brejo próximo, coaxando alegremente. Este nosso amigo era um tremendo gozador, brincalhão, otimista e muito sábio também.
Vivia aconselhando os mais jovens e até os anciãos confidenciavam com ele.
Nas noites sem luar, ficava num canto meditando sobre sua existência e sempre chegava à conclusão de que algo lhe faltava, sem no entanto atinar o que poderia ser.
Estava assim, uma dessas noites, em que a lua foi passear por outros brejos, coaxando baixinho uma velha cancão que aprendera de um velho cururú quando repentinamente se aproximou dele uma linda rã que ele ja conhecia de vista.
A rãzinha foi chegando cheia de prosa
"Meu irmão, por que estás tão só, enquanto todos se divertem na festa da fraternidade?"
Um pouco desconcertado e surpreso ele respondeu
"Minha bela irmãzinha, estou tentando preencher um vazio que atormenta minh'alma mas não encontro resposta para esse enigma."
A graciosa rãzinha disse-lhe
"O que precisas é de uma companheira que te aqueça nas noites frias, que seja solidária com tuas penas e compartilhe da tua alegria."
Ele ficou pensativo por alguns instantes e,
todo sorridente respondeu para aquela preciosa femea, que aguardava com brilho no olhar, a resposta para sua explanação. Ele ajeitando seu mais belo sorriso, começou a falar bem devagar
"Você tem razão! Preciso de uma companheira. Será que minha bela irmãzinha gostaria de compartilhar, ao meu lado, nossa bela existência?
Ela não se fez de rogada e respondeu um sonoro "SIM!"
Um salto no tempo em nossa narrativa...encontramos nosso pobre amigo completamente embriagado, maltrapilho e triste. Indagado sobre o motivo de tamanha modificação, abaixo transcrevemos o breve relato:
" Minha vida mudou muito depois daquele "SIM". Tenho horário para chegar em casa, posso nem mesmo dar uma inocente carona para minhas colegas de trabalho ou vizinhas, não posso olhar para o lado, sorrir então, nem pensar, e a sogra, Que megera!
Então, cansado de tudo, desisti de viver e vou me acabando, enxarcado na bebida...eis a minha realidade.
Senti pena. Me deu vontade de lhe dizer que precisava encontrar uma nova companheira...mas, de nada iria adiantar...eu antevia as cenas vindouras:"...eu vi você olhando para aquela magricela"..."você não vai almoçar com nenhuma sirigaita"...você...etc., etc., etc.
Existem coisas que não mudam nem a canhonaços!
Então lhe gritei a pleno pulmão:
DEIXA DE SER GALINHA, ZÉ! E VAI CUIDAR DE TUA FAMILIA!
* * * * * * * * * * * * * * * *
Agradecimento especial para Miriam Brandão. Obrigado pelo puxão de orelha. Posso dizer que estou de volta.