SE NÃO FAÇO POESIA, ESCREVO NOVELA !
Todos estavam reunidos na sala e aguardavam em silêncio a revelação de um grande segredo. Quem seria o pai daquela criança ? A filha mais nova, finalmente se casaria com o dono da fazenda ? Muitas perguntas, muitas dúvidas e quem seria o culpado ?........
E nquanto isso, do outro lado da cidade a florista se preparava para sair para o trabalho. Estava feliz, depois de uma noite de amor com seu amado. Ele era casado, não vivia bem com sua mulher e a florista era o grande amor da sua vida. Conheceram-se quase que por acaso, quando ele tinha pedido sugestão de um arranjo de flores para sua filha mais velha, a do segundo casamento. Ao fundo, por favor, acreditem que está tocando uma música romântica do Djavan.......
Mas o suspense na sala continuava. Agora a música que se ouvia era um pouco sinistra, produzida por vários violinos nervosos, um ou outro até um pouco desafinado. Finalmente a porta se abriu e o advogado, acompanhado do delegado, entraram....
A florista finalmente chegou a loja. Não havia nenhum freguês. Ela entrou, tirou o casaco, pois lá fora fazia frio, retocou o cabelo num espelho próximo e foi para o balcão. Qual não foi sua surpresa quando ouviu uma voz, velha conhecida, que chamou pelo seu nome, dando-lhe um bom dia um tanto irônico.
Era seu ex-namorado, que tinha acabado de sair da prisão. Ela ficou em estado de choque, paralisada, sem saber o que fazer. Ele, ao contrário parecia estar bem à vontade. Com aquele sorriso irônico e sarcástico que ela conhecia tão bem, foi logo avisando que não iria demorar. Só tinha vindo buscar aquilo que lhe pertencia......
O delegado sentou-se a cabeceira da mesa, tirou da pasta um envelope e enquanto de dentro dele tirava e abria uma folha de papel, olhou um por um dos presentes lentamente, o que só fez com que a tensão aumentasse. Agora, o som dos violinos estava frenético......
A florista estava pálida. Não sabia o que fazer ou a quem recorrer. Olhou em volta e não viu ninguém que pudesse vir em seu socorro, pois a loja ainda estava deserta. O ex-namorado aproximou-se e repetiu, desta vez numa voz rouca, mistura de nervosismo e ódio, que tinha vindo buscar o que era seu.....
O delegado pigarreou, consultou mais uma vez o que estava escrito no papel, e numa voz absolutamente impessoal informou a todos o motivo da sua presença naquele local. Estava ali, primeiro porque era muito amigo do falecido, o patriarca milionário, dono de muitos imóveis naquela cidade. Segundo porque fora incumbido pelo advogado de revelar quem era o pai daquela criança e que tinha sido beneficiada com a herança do milionário. E terceiro, para não só informar a todos quem era o assassino, como também aproveitar a oportunidade para prendê-lo........
O ex-presidiário se aproximava perigosamente da florista e esta teve ímpetos de gritar. A um sinal dele, ela preferiu desistir. Ele só queria pegar o que era seu. Não iria tocá-la ou mesmo machucá-la. Só queria o que era seu. Desta vez, era nesta cena que os violinos tocavam frenéticos.....
A primeira surpresa foi a revelação de quem era o pai da criança. Ninguém queria acreditar, todos estavam boquiabertos. E os violinos, tocando freneticamente.......
A florista respirou fundo, procurando se acalmar. Aquela era uma situação em que não adiantava tentar fugir e nem mesmo gritar. Se ele queria o que julgava ainda ser dele, e como não tinha outro jeito, ela daria.......
Durante vários minutos todos permaneceram em silêncio. Se a revelação estivesse correta, uma verdadeira reviravolta aconteceria naquela família. Todos sairiam perdendo,principalmente........
A florista começou a abrir lentamente sua blusa. Estava conformada. Sabia que ela era a maior culpada e o único jeito de sair daquela situação era........
Os violinos continuavam a ser ouvidos freneticamente, agora acompanhados dos metais. O nome do pai da criança, aquela que seria a herdeira milionária, seria finalmente revelado e essa pessoa.....era o......mordomo. E o assassino....também......era...o....mordomo.
Testes de paternidade foram realizados e não havia dúvida . Ele era o pai da criança, assim como também havia inúmeras provas de que ele era o assassino. E portanto, a filha mais nova, que era a mãe, não poderia se casar com o fazendeiro.
Continuando a leitura o delegado informou quer o milionário deixara dívidas absurdas, o que significava que praticamente não sobraria nada para nenhum dos presentes naquela reunião.
O advogado falou pela primeira vez, confirmando tudo que o delegado dissera. Confirmou que todos estavam pobres, só com dinheiro suficiente para sobreviverem no máximo mais um mês.
Enquanto o som dos violinos aumentava de intensidade, uns choravam, outros davam socos na mesa e só o mordomo parecia feliz com o que estava ocorrendo. Ficaria preso mas sua vingança fora completa.
Depois de desabotoar dois botões da sua blusa, a florista colocou a mão por dentro do seu soutien e tirou uma pequena chave. Abotoou novamente a blusa e aparentando estar mais calma, pediu ao homem para acompanhá-la até os fundos da loja. Lá, no pequeno armário estava guardado o que teria que ser devolvido.
Ela separou umas roupas sujas e pegou um pequeno pacote que continha.................três CD's com músicas dos anos 60. O homem sorriu e feliz como uma criança, deu as costas e saiu, tendo antes prometido que nunca mais voltaria àquele lugar.
FIM.....
(tendo como música de fundo Djavan, acompanhado de violinos frenéticos...)
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NOTA : me perdoem pela brincadeira, mas sinceramente, entre assistir uma novela e ver pela TV meu time perder para o maior rival, prefiro escutar uma boa música (desde que não tenha violinos frenéticos.....) . De mais-a-mais, vocês conhecem alguma novela que tenha um final totalmente feliz ? Do jeito que a gente gostaria que acabasse ?
(.....imagem google.....)