Vilões da Amazônia - Problema de Gestão, de Corrupção ou Ambos?

Os principais vilões que devastam a amazônia legal, já foram identificados e são conhecidos por todos. Vamos especificá-los:

1 - AS MADEIREIRAS - Com suas moto-serras e outros sofisticadíssimos equipamentos de devastação, como tratores, robôs lenhadores, serras circulares tratorizadas, etc., fazem a derrubada das árvores numa velocidade espantosa, podendo deixar "careca" áreas do tamanho de uma cidade. As moto-serras, vendidas e usadas praticamente sem controle do Governo (embora exista uma lei para controlar o seu uso), facilitam o trabalho porque cortam árvores com extrema facilidade, como se estivessem cortando queijos. Mas, pior do que elas ainda, são os temíveis "robôs lenhadores", das grandes madeireiras, tratores equipados e capazes de abater, descascar e fatiar até 1000 árvores de 20 m de altura, por dia de trabalho. Dados do ano de 2005, revelavam que já existiam mais de 3000 empresas madeireiras cortando árvores naquela região, mais de 1000, só no Estado Pará (entre legais e ilegais) e, em sua maioria (pasmem!), autorizadas pelo Governo (???)


2 - DESMATAMENTOS E QUEIMADAS DOS "AGRONEGÓCIOS" - São promovidos pelos pecuaristas (para a formação de pastagens) e pelos agricultores, com o objetivo de, a baixo custo, "limpar áreas de terra" para o plantio, principalmente de soja, cultura que agora está em moda naquela região. Mas, para "limpar" o terreno, eles não usam apenas o fogo. Usa-se também os temíveis "correntões" (correntes de navio ligadas a dois poderosos tratores que "arrastam toda a vegetação que encontram pela frente). Só os agricultores já dizimaram cerca de 12% da Amazônia (dados de 2005), com a soja avançando sobre antigas pastagens. O que acontece? Num primeiro momento, a terra fica "careca". A seguir, a vegetação nativa, já inexistente, é substituída pela soja ou outro tipo de plantio agrícola. Em futuro bem próximo, provavelmente predominará a cultura da cana-de-açúcar. A vegetação original? Foi-se para sempre. É uma drástica alteração forçada do meio ambiente, com conseqüências danosas para os ecossistemas da região. Além dos prejuízos causados à natureza, estima-se que os prejuízos causados pelas queimadas cheguem a 121 milhões de dólares, por ano, sem considerar o custo para reparar os danos causados pela emissão de carbono.

3 - A POLUIÇÃO DOS RIOS - Aqui os vilões são os garimpos, em sua maioria clandestinos, que despejam na água metais tóxicos como o mercúrio, poluindo rios e nascentes, matando os peixes e alterando também o meio ambiente. Os garimpeiros também foram os responsáveis pela introdução da aids entre os indígenas. O mercúrio utilizado para  separar o ouro do metal bruto, dilui-se nos rios envenenando os peixes que, se ingeridos pelo homem, podem causar sérios danos à sua saúde, inclusive a morte.

4 - CONTRABANDO DE ANIMAIS SILVESTRES E DA FLORA LOCAL - Diminui as espécies e impede que se reproduzam corretamente, podendo causar a extinção definitiva de algumas, já consideradas em fase de extinção. Quanto à flora, podem destruir o seu habitat natural, antes mesmo que alguns espécimens sejam catalogados pela ciência.. De todos, este é o cime ambiental menos controlado.

5 - CORRUPÇÃO NA CONCESSÃO DE LICENÇAS AMBIENTAIS - Este é um outro fator preocupante porque impede ao Governo de fiscalizar corretamente o que, de fato, ocorre na região. Comprovou-se a existência de vários funcionários do IBAMA e do INCRA concedendo falsas licenças ambientais e autorizando assentamentos fantasmas, permitindo, assim, a exploração e o desmatamento ilegal da floresta amazônica. O produto da arrecadação das poucas multas aplicadas também costuma ser desviado e apenas uma ínfima parcela chega aos cofres do IBAMA.

6 - OS SEM-TERRAS - Os mais recentes vilões da Amazônia começaram a migrar para aquela região há cerca de trinta anos e, nesse período, já foram responsáveis pela devastação de 106.000 quilômetros quadrados de mata (Revista Exame - 19/05/2007). O problema acentuou-se na primeira gestão do Governo Lula que, através do INCRA, assentou 188.000 famílias na Região Norte e em parte do Estado de Mato Grosso, toda essa massa ocupando hoje 27.6 milhões de hectares de terras, uma área quase equivalente à do Estado do Rio Grande do Sul. Pela falta de controle do Governo, a primeira coisa que os Sem-terras fizeram foi desmatar as suas respectivas áreas para a retirada de madeira, como forma de sobrevivência. O impacto ambiental não chamava a atenção por encontrar-se em pequenas áreas dispersas, não contíguas. Mas hoje e com a "venda" de suas áreas para as madeireiras", o impacto já se faz sentir e é bem visível em fotos aéreas. E eles, incentivados pelo próprio Governo, continuam migrando para lá. O que vai acontecer no futuro?

Pois bem, aí estão citados os principais vilões e os estragos que eles causam. A pergunta que incomoda à nação é: "Será que o Governo não sabe disso?". É evidente que sabe. "Mas se sabe, porque não faz alguma coisa? Por exemplo, controlar rigidamente a venda e o uso das moto-serras, e de outros equipamentos de corte de árvores, tal como se faz com as armas de fogo , e impor pesadas multas e penas de privação de liberdade para os infratores. Isto seria difícil?".

Eu, você e todos os brasileiros achamos que não. Mas isso, só o Governo, através do seu Ministério do Meio Ambiente, pode (e deveria) responder.

O tempo passará, porque tem de passar. Nem sei se ainda teremos um "Ministério do Meio Ambiente". Mas, se daqui a alguns anos este texto ainda se mantiver atual, significará que nada foi feito, desde a data desta denúncia..