Mariana

Conheci Mariana em 1980, eu estava viajando pelo sertão do Estado da Bahia, já fazia 3 meses que eu estava por lá em uma função governamental observando os necessitados daquela região. Mariana era na época uma mulher extremamente inteligente, falava inglês e francês fluentemente e não tinha medo de andar por aquelas cercanias, era uma mulher diferente em suas ações, aparentava ser sempre forte, uma guerreira. Seus olhos azuis contrastavam com aquela vegetação queimada pelo sol, sua pele morena e suave deixava o ar seco do sertão mais agradável. Mariana era um amor de pessoa, sempre com perguntas diretas às administrações, deixava os prefeitos daquele Estado sem jeito, suas perguntas de como o dinheiro público estava sendo gosto para a melhoria da população pareciam ser uma faca que cortava até a alma daqueles políticos. Era uma mulher de conceitos políticos inabaláveis.

Depois de findados nossos trabalhos naquele Estado nunca mais eu a vi, voltamos para repartições diferentes e perdemos o contato, até então a minha vida perfeita se resumia a: acordar cedo e ir para repartição, ou seja, minha vida era trabalho casa. Nunca passara por minha cabeça encontrar Mariana novamente, mas hoje no primeiro dia de trabalho depois de 30 dias de adoráveis férias, ela foi a primeira pessoa que encontrei quando cheguei a minha repartição, continuava linda como se o tempo para ela não passasse, senhora do tempo e do meu coração dava a aquela sala uma ar de tranqüilidade. Eu nunca imaginaria trabalhar ao seu lado novamente e em minha cabeça a ferida da saudade estava curada há muito tempo. Tomei um susto quando a vi, aquela dorzinha de barriga que os namorados sentem quando se encontram eu senti, aí então pensei como eu poderia trabalhar com aquela beldade sem transparecer que gostava dela, afinal de contas eu era o chefe daquele local e não ficaria bem, gostar dela daria um ar de privilégio.

Não quero me alongar contando o dia-dia da repartição, mas gostaria que todos soubessem que ela simplesmente deixava a repartição mais elegante, amável com um ar de casa, ou melhor, de casa cheirosa, pois seu perfume suave inundava todo aquele ambiente. Hoje não trabalhamos mais, estamos aposentados, ela ainda é a mulher da minha vida, moramos no RJ, ela continua linda.