Nascimento
Certa tarde de sábado eu e vários amigos e amigas, fomos até um Café, na Rua Sacramento, para trocarmos idéias e conversar sobre muitos assuntos, inclusive futebol.
Foi quando a nossa companheira, Maria Helena falou que o seu pai havia sido um grande goleiro, e disse: “Poucos vão se lembrar dele. Ele era o Nascimento, que jogou no Palestra Itália”.
Então eu respondi: “Seu pai foi uma lenda muito positiva no futebol brasileiro. E eu sei que ele foi atleta amador na A. A. das Palmeiras, campeão em várias modalidades. Depois foi ser goleiro do Palestra Itália. Em 1929 foi ocupar o lugar do grande Primo que havia sucedido o lendário Flosi. O Palestra sempre foi uma fábrica de grandes goleiros. Em 1929 Nascimento jogou com Bianco e Loschiavo, Pepe, Goliardo e Serafim. A linha de frente jogava com Ministrinho, Carrone, Heitor, Lara e Osses. Nascimento jogou até 1933 no Palestra, sendo bi-campeão em 1932 e 1933 com a seguinte equipe, com pequenas mudanças: Nascimento, Carnera e Junqueira, Tunga, Goliardo e Tufi, Avelino, Gabardo, Romeu, Lara e Imparato. Nascimento era a elegância em pessoa. Por mais defesas que tivesse feito no jogo, era o único a sair com o uniforme limpo do campo, segundo Geraldo Bretas, um grande cronista esportivo já falecido. Vendo Gilmar dos Santos Neves atuar lembro-me de Nascimento, que deveria ter sido discípulo de Marcos de Mendonça, goleiro do Fluminense do Rio de Janeiro, na década de 20. Nascimento, depois de encantar a platéia feminina palestrina jogou no Fluminense e no Vasco da Gama, cariocas. Sempre com grande sucesso foi goleiro das seleções carioca e brasileira. Sempre com grande destaque foi campeão com a seleção carioca, em 1939, vencendo os paulistas na final por 4 x 1. Os cariocas jogaram com Nascimento, Norival e Florindo; Zezé Procópio, Og e Argemiro; Roberto, Romeu, Carvalho Leite, Tim e Carreiro. Grande proeza de Nascimento aconteceu em 1940, em Buenos Aires, durante a Copa Roca. Os argentinos tinham a melhor seleção do mundo, na época. Afirmação esta feita pelos maiores jornalistas da ocasião e por muitos que vieram depois. Nascimento parou a poderosa máquina portenha. Suas defesas ajudaram o Brasil a vencer a Argentina por 3 a 2. O Brasil na ocasião formou com: Nascimento, Norival e Florindo; Zezé Procópio, Zarzur e Argemiro; Lelé (Lopes), Romeu, Leônidas da Silva, Jair da Rosa Pinto e Hércules (Carreiro). A Argentina formou com: Gualco, Salomon e Valussi; Araguez, Perucca e Suarez; Peucelle, Moreno, Masantonio (Cassan), Baldonedo e Garcia”.
Bem, escrevi um pouco do grande Nascimento, das suas glórias, suas defesas milagrosas, da sua elegância que foi marcante, e o que é mais importante, o grande pai da minha querida amiga Maria Helena.
Fevereiro de 2008