Buenos Aires 1 (muy amigo)
1982, primeira viagem internacional, pouquíssima experiência em viagens, sozinho por 15 dias em local desconhecido e o peso da responsabilidade. Tudo isso misturava-se à minha excitação por conhecer a Argentina, da música, do futebol, das tradições portenhas.
Lá fui eu: passaporte saído do forno embora não precisasse, com uma enorme mala contendo munição para um frio polar de Agosto, 1.000 dólares no bolso que eu ficava apalpando a cada 5 minutos e recontava no mínimo a cada vez que ia ao banheiro.
Congonhas e o vôo da Varig de 3 horas. Sentou-se ao meu lado um típico argentino, estilo “Gardelón”(personagem que o Jô Soares fazia na época, que aprontava e ao final dizia : muy amigo... muy amigo...). Esse cidadão portenho, com brilhantina no cabelo e terno impecável não parou de falar nem um minuto desde que saímos de São Paulo...
Eu ficava imaginando o momento em que deixaríamos de sobrevoar o Rio Grande do Sul e entraríamos em território Argentino. Calculava que em mais ou menos 2 horas isso iria acontecer: é uma estranha sensação essa, a de deixar a proteção do seu país. Nessa primeira viagem em senti um pouco desse “desamparo”.
Chegada em Ezeiza, ainda reflexos da Guerra das Malvinas (para os Argentinos não são Falklands), recrutas armados de metralhadoras junto aos oficiais da alfândega, examinando tudo... Aí é que eu tremi, pois havia comprado uma revista Veja no Aeroporto em São Paulo que trazia na capa um soldado britânico (acho que era o príncipe Andrew) voltando feliz para casa com o ar de vitória. Isso não era nada: a manchete da revista ela alusiva à derrota Argentina no conflito...
Não tivesse sido eu próprio o autor da “babada”ao comprar a revista e levá-la para a Argentina, podia jurar que o “Gardelón” estava em algum canto do aeroporto assistindo satisfeito a minha agonia e dizendo “muy amigo, muy amigo...”
Felizmente, nem prestaram atenção na revista em meio aos documentos, calculadora e nem me pediram para abrir a malona.
Capuano me esperava...
1982, primeira viagem internacional, pouquíssima experiência em viagens, sozinho por 15 dias em local desconhecido e o peso da responsabilidade. Tudo isso misturava-se à minha excitação por conhecer a Argentina, da música, do futebol, das tradições portenhas.
Lá fui eu: passaporte saído do forno embora não precisasse, com uma enorme mala contendo munição para um frio polar de Agosto, 1.000 dólares no bolso que eu ficava apalpando a cada 5 minutos e recontava no mínimo a cada vez que ia ao banheiro.
Congonhas e o vôo da Varig de 3 horas. Sentou-se ao meu lado um típico argentino, estilo “Gardelón”(personagem que o Jô Soares fazia na época, que aprontava e ao final dizia : muy amigo... muy amigo...). Esse cidadão portenho, com brilhantina no cabelo e terno impecável não parou de falar nem um minuto desde que saímos de São Paulo...
Eu ficava imaginando o momento em que deixaríamos de sobrevoar o Rio Grande do Sul e entraríamos em território Argentino. Calculava que em mais ou menos 2 horas isso iria acontecer: é uma estranha sensação essa, a de deixar a proteção do seu país. Nessa primeira viagem em senti um pouco desse “desamparo”.
Chegada em Ezeiza, ainda reflexos da Guerra das Malvinas (para os Argentinos não são Falklands), recrutas armados de metralhadoras junto aos oficiais da alfândega, examinando tudo... Aí é que eu tremi, pois havia comprado uma revista Veja no Aeroporto em São Paulo que trazia na capa um soldado britânico (acho que era o príncipe Andrew) voltando feliz para casa com o ar de vitória. Isso não era nada: a manchete da revista ela alusiva à derrota Argentina no conflito...
Não tivesse sido eu próprio o autor da “babada”ao comprar a revista e levá-la para a Argentina, podia jurar que o “Gardelón” estava em algum canto do aeroporto assistindo satisfeito a minha agonia e dizendo “muy amigo, muy amigo...”
Felizmente, nem prestaram atenção na revista em meio aos documentos, calculadora e nem me pediram para abrir a malona.
Capuano me esperava...