Carnaval e saudade...
Sandra M. Julio
Seriam necessários incontáveis carnavais para que a minha saudade desfilasse solta, pelas avenidas da vida.
Dela, muitos sambas se fariam, para no coração do povo, chorar entre as fortes batidas do surdo e tamborim, vibrando no suor de fantasias.
Entre Colombinas e Pierrôs, pelas arquibancadas da existência, tua ausência reverberaria em cada folião, entre sorrisos camuflados de alegria e álcool, nascente d’uma solitária lágrima, cisco do tempo.
Pelos salões, teu olhar em cada olhar, beijar-me-ia todas as lembranças, trazendo para a turbulência da noite o ritmo do teu sorriso.
Entre luzes capítulos que não vivi, enfeitados com confetes (pedacinhos coloridos de saudade) de esperança, que sem pudor brincariam alegres envoltos em serpentinas de sedução.
Mambembe minh’alma amanheceria na eloqüência lavrada pela tua falta, empilharia troféus, que por engano a vida a mim ofertou, enquanto porta-bandeira da solidão.
Antes de tirar a máscara, outra lágrima me queimaria a face imaginando que Colombina teria agora teus, tão meus beijos...
As luzes se apagam, apenas um estribilho brinca minha dor.
“Vou beijar-te agora não me leve a mal, hoje é carnaval”.
Sandra
07/02/08