ÊTA FORRÓ DANADO DE BÃO!
Passear na roça é bão pra daná, né? Pois é! Fui passar um fim de semana na casa dos pais de um amigo, numa rocinha pra lá de sossegada.
Achava eu que era sossegada! Imagine que logo na sexta-feira mesmo esse meu amigo me chamou pra um forrozinho que iria acontecer na casa de uns amigos de infância dele. Fomos, né!
Chegamos e a música já corria solta, animada! E como não podemos ver defunto sem chorar, fomos em busca de um par bacana pra balançar o esqueleto. Do outro lado do salão de danças (que era a frente da casa) estava uma mocinha que era um chuchuzinho! Cabelos negros soltos, caindo nos ombros à mostra por causa do decote do vestido florido que batia pouco acima dos joelhos. Seus lábios eram finos, delicados, aliás, ela era toda delicadeza, miudinha, mas com um olhar atento a tudo e provocador.
Parece que notou que eu a observava e fez como qualquer outra mocinha da roça faria: olhou, baixou a cabeça para o lado, entrelaçou os dedos e começou a riscar o chão com a ponta do pé. Notei, pelos seus gestos, que parecia querer que eu a chamasse para dançar.
Se fui? Lógico, meu caro! Atravessei o pátio e fui ao seu encontro. Ela continuava riscando o chão com sua sandália de tirinhas. Cheguei perto, olhei em sua direção e fui logo na investida: “Quer dançar comigo?” – Juro que temi pela resposta, mesmo nunca tendo sido recusado em uma dança. Ela levantou os olhos e disse em sua voz quase inaudível: “Se ocê qué, eu vô sim!” – juro que pintou um alívio depois de ouvida a resposta.
Forrobodó na roça é lógico que tem que ter forró mesmo, e dos quentes! Enlacei a cintura dela com a mão direita, peguei com cuidado sua mão e fomos para o meio das outras pessoas. Ela era mesmo um filezinho, diriam os meninos de agora, que coisinha meiga, levezinha, cheirosinha, delicadinha, adorável!
Fiquei realmente empolgado com aquela criaturinha! Animamos na dança. Eu quis puxar conversa, saber do que ela gostava, queria fazer um agrado a ela. “De quê que cê mais gosta, hein, menina?” – Perguntinha mais sem jeito pra se começar uma conversa, mas foi assim mesmo que comecei – “De frango!” – Essa eu realmente não esperava! De frango? É, então tá bom! “Mas é frango assado?” – Eu já estava pensando em como arrumar um frango pra dar de presente pra ela. Será que por ali existiria um botequim com uma daquelas televisões de cachorro? “Não, moço, pode sê vivo mesmo, minha mãe prepara ele pra nóis cumê!”.
Posso garantir que foi um dos presentes mais estranhos que já dei a alguém. E mais deliciosos também!