A rechonchuda professora ia fugir!
Fevereiro marca o mês de reavaliação das atitudes e conceitos utilizados por professores da rede pública de ensino. Os municípios convidam palestrantes, cada um especialista em uma área pré-identificada como necessária a melhorar, e gastam com isto. Identificar as necessidades deve ser tarefa de incumbência do coordenador pedagógico, que juntamente com o secretário de educação definirá o dia ou dias de sua realização. A isto, que acontece a cada inicio de ano letivo, se chama de “Jornada Pedagógica”, e alcança aos que são ou não formado em pedagogia e que estejam em sala de aula.
Fala-se que é momento dos professores se tornarem alunos! Um bom aluno não falta à aula ao menos por motivo muito justo, greve dos aeroviários não é justificativa, como também que reside nas proximidades deixar de ir escola porque o ônibus enguiçou. São avaliações feitas por uma ética que deve estar embutida no comportamento do aluno, e que deve ser mostrada pelo professor, pois afinal para tudo se paga. A recompensa exigida pela escola pública também é que ele saiba quanto custa ao estado. Cada um deve agradecer fazendo valer cada centavo nele aplicado. E o aluno começa a gerar despesas antes mesmo das aulas, a exemplo na realização das “Jornadas Pedagógicas”.
Os custos não se limitam à gratificação aos palestrantes; também lanches, transportes, material didático, livros, pastas, papéis, divulgação, e etc. etc. etc. até a energia elétrica que é gasta no auditório. Tudo são gastos! Como dizem: “Não existe jantar grátis, sempre alguém paga a conta”, por isto degustem! E este ano fui convidado para a abertura de um ciclo de palestras em uma pequena cidade próxima. Abrir falando sobre ética nas escolas, na abertura de um ciclo de palestras, cheguei pontualmente a oito de uma calorenta manhã, como o combinado! Ás dez horas e trinta minutos despedi da alegre e bonita turma que ali deveria permanecer até o intervalo para o almoço, que em alguns casos são até fornecidos pelos recursos do município;
Não há chamada de presença em uma pequena cidade, isto ocorre no olhar do coordenador pedagógico e do secretario de educação, que literalmente conhecem à todos e sabem das suas presenças. Durante a minha fala percebi a ausência de uma rechonchuda professora. Chamou-me a atenção aquele sorriso bonito em um gigantesco corpo de mulher muito bem e corretamente vestido, como eticamente deve ser. Mas sumiu! Durante os cento e quarenta minutos de palestra eu olhava no auditório, a professora aparecia e sumia. Contaram-me depois que ia até a cantina aproveitar o lanche que cuja conta foi para pela prefeitura!
Liguei o carro o manobrando ao meu retorno. Já havia cumprido minha tarefa, mas a rechonchuda professora me encheu a cabeça de preocupação. Onde ela estaria? Já que fui me despedir da merendeira, e ela não estava na cantina. No auditório também não! Bem, que o coordenador pedagógico ou a secretaria que sentissem a falta, seria impossível que não vissem o espaço vago! Minha surpresa foi grande, quando caminhando a margem do caminho lá estava aquela imensa figura. Parei o veículo ao lado da figurona, não lhe perguntei se gostou ou não de minha palestra, seria uma avaliação falsa! Olhei sério para ela, e disse que o almoço estava de primeira, e igualmente sério recomendei que ela voltasse para o auditório e fizesse proveito, pelo menos de parte do custo que ela estava gerando!