"MINHA MÃE... pela manhã'
MINHA MÃE... pela manhã
Altas torres
Altas janelas
Abrem e fecham
Sem mexer nelas
Que bom estar na companhia de mamãe. Chamo-a de todos os nomes que me vêm à cabeça e ela por sua vez retruca com pascácio, paspalho e outros que deixo de mencionar, pois só atrapalhariam mais ainda, a nossa harmoniosa e beligerante relação. A baixinha, que se diz média alta, não se convence da sua mínima estatura, pouco maior que a Dorothy de “O Mágico de Oz”. Furiosa, rechaça tal constatação, apesar de pedir que se retire do armário esta ou aquela travessa.
É pela manhã bem cedo que começa o reboliço. Quando se acedem as luzes da cozinha, já sei que a portuguesinha está na ativa. Cá do meu canto observo, que ela já afastou os janelões da área de serviço para ventilar. É chegada minha hora. Lá vou, sobraçando a garrafa do café do dia anterior - entro em seu apartamento.
- Bom dia, mamãe!
- Bom dia, meu filho. Dormiste bem?
- Sim, respondo-lhe. E, logo me apresso em dispor a mesa para a refeição da manhã. Pão, queijo, manteiga cremosa, salame, geléia e o que aparecer pela frente. Ah! E as pilulinhas na vasilhinha, encerram o cardápio matinal.
Neste momento, é minha irmã que entra em cena com sua vitamina bebida à cata do pingado ligeiro. Toma-o, reúne seu material e beija mamãe despedindo-se. Urge, se apressar, a hora não espera e ciosa cumpre fielmente suas obrigações. É um exemplo de ser humano.
Agora, mamãe na ponta dos pés encontra-se com sua cabecinha toda nevada junto à janela da frente para fazer um tchau com sua mãozinha ofendida pela artrite à filha querida.
Deixa-me emocionado tal cumprimento.
Aproveito e oro em silêncio pela minha irmã, acompanhando-a até que o carro desapareça na escuridão da manhã.
Com a Ritinha empunhada na sua mão direita, caminha a passos difíceis para o prazer ainda vespertino.
Bem! Amanhã, eu conto mais.
paulo costa
fev/2008