EXTRA - NOVO ESCÂNDALO

O pai dos burros; o velho e pouco usado dicionário, diz que “corporativo” é um adjetivo abalizado ou colegiado em corporações; e “cooperativo” vem do latim cooperativu, que coopera; em que há cooperação.

É desta forma que podemos tentar definir as operações dos cartões de crédito usados pelos membros do alto escalão do Governo Federal; se são cartões corporativos ou cooperativos; se eles são usados para os propósitos que foram criados, aliás, este tipo de cartão de crédito é largamente usado por empresas sérias que visam à facilidade de seus funcionários e para minimizarem os CUSTOS com operações menores; ou seja, os CARTÕES CORPORATIVOS deveriam servir para os pagamentos básicos para o funcionamento da empresa.

Existem ainda os cartões de benefícios que são recarregáveis ou substituíveis; eles são entregues aos seus signatários que mediante senha, são aceitáveis em estabelecimentos variados. Tais cartões possuem limites predestinados, inclusive para saques em dinheiro. Normalmente as empresas de médio e grande porte oferecem aos seus colaboradores muitas vezes por seus bons desempenhos.

No Governo Federal, que possui maquinismo igual a qualquer outra corporação, sejam públicos ou privados, seus funcionários também precisam viajar; colocar combustível em veículos, alugar veículos e comer em restaurantes, mas eu desconheço qualquer tipo de atividade normal que envolva COMPRA DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, PEÇAS AUTOMOTIVAS, FLORES, CHOCOLATES FINOS ou ACADEMIAS DE MUSCULAÇÃO, sobretudo se estes usuários de cartões de crédito corporativos forem SEGURANÇAS DOS FILHOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

Eu concordo com o mecanismo de sigilo adotado pelo Gabinete Institucional de Segurança da Presidência da República; concordo que o Presidente, independentemente de quem seja, necessita de alto teor de segurança e caso os senhores não saibam, eu já presenciei várias vezes o esquema que envolve o Mandatário Maior do Brasil, com carros cheios de seguranças, ambulâncias, batedores e outros profissionais, que devem estar 24h ao lado dele. Concordo que a segurança do Presidente é algo da maior seriedade e não deve muita explicação a mais ninguém, mas os que compõem este quadro, sobretudo quem dá as ordens, deveria ter mais cuidado com os gastos destas equipes porque o povo brasileiro em sua maioria é pobre e carente e quando alguém vê pela televisão que a segurança do Presidente, que envolve seus familiares diretos, gasta fortunas com itens que nada tem a ver com seus propósitos, isso é péssimo para a imagem deste mesmo Governo, ou de qualquer outro.

Segundo denúncias de Deputados Federais da oposição, os gastos médios com cartões corporativos do Governo Federal em quatro anos chegaram à soma de R$ 149 milhões. Somente a Presidência da República gastou R$ 2,68 bilhões em 2007 (orçamento geral), segundo o Portal da Transparência. É muito dinheiro e mesmo eu sendo um ferrenho opositor das ações de Lula, jamais questionaria tal soma, por que todos os presidentes possuem constitucionalmente uma verba que pode gastar como quiser, desde que previamente aprovada e dotada; e muitos destes gastos são para o pagamento de serviços e produtos que envolvem a segurança nacional.

O cartão de crédito da ex-ministra da Igualdade Racial, como exemplo, não poderia ter o nome de CORPORATIVO; o dela e de muitos outros deveriam vir impresso, CARTÃO COOPERATIVO por que servem apenas para ajudar com aquele “gastinho” extra que os poderosos possuem “amais” na defesa da coisa pública. A ex-ministra gastou em 2007 mais de R$ 100 mil reais somente em locação de veículos.

Gente! Isso é uma vergonha nacional. É um descaso com o dinheiro suado dos contribuintes brasileiros que ficam a vida inteira trabalhando para poderem pagar uma prestação de um teto próprio, sem muitas vezes conseguir chegar ao final do carnê para ver de fato a casa sendo sua.

Excelentíssimo Senhor Luis Inácio Lula da Silva, que já esteve à beira da fome segundo ele mesmo afirma, deveria enxergar que fatos como os gerados pelos gastos dos cartões corporativos da segurança de seus filhos e outros asseclas somente enoja os que vêem isso pela televisão. Por mais necessário que requeira o ato, existe alguns fatores que não precisavam ser gastos, muito menos serem divulgados desta forma escancarada; permitindo que duvidem de suas honestidades e licitudes. Seus filhos, filhas, primos, irmãos e outros análogos, devem sim ter uma segurança eficaz e responsável, para que não sejam utilizados como moeda de especulação; mas sustentá-los com carícias e mordomias, isso já é o cúmulo do ridículo. Seus carros, casas e seus condicionamentos físicos são problemas pessoais e não do povo; eu não posso pagar por isso, porque não ganho para tal!

Concordo com o Senador Demóstenes Torres quando diz que “esta farra está tomando dimensões estratosféricas” e os gastos com estes cartões, belíssimos, aliás, já demonstram aberrações que vão de encontro com a realidade do povo deste país. Imagine o que pensa um jovem de 17 anos, que está em seu primeiro emprego, tendo que trabalhar 44 horas semanais para receber R$ 370,00 no final do mês; vê que os filhos do Presidente possuem segurança particular armada, carro de luxo com peças e gasolina pagas por nós; casa de luxo com piscina, jatinhos para deslocamentos, somente por serem filhos do Presidente e que ainda temos que pagar para eles irem a restaurantes caros, locações de DVDs e até a reforma de suas casas e de seus seguranças?

O General Jorge Félix, lembrando os tempos militares, quando os Generais eram os deuses do Olimpo brasileiro, que manda hoje na repartição da Segurança Presidencial, já disse que VAI RETIRAR OS DADOS DOS GASTOS da Presidência da República do site da Controladoria Geral da União, gestor do Portal da Transparência, ou seja, ele vai deixar o Portal da Transparência fosco, obscuro, duvidoso, questionável... Coisas do Brasil! Talvez o Ministro General também deseje retirar a origem dos R$ 209 milhões de reais gastos em 2007 somente pela ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), a C.I.A. tupiniquim...

A Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, acredita que o uso destes cartões seja mais seguro e como ela mesma afirma, rastreáveis, e isso ninguém tem a menor dúvida. Eu ainda afirmo que utilizar cartões magnéticos como forma de pagamento dos gastos oficiais seja além de seguro, um avanço, mas o que esperamos é que os chefes deste sistema inovador sejam mais criteriosos quanto as suas ordens para seus subordinados, afinal de contas, usá-los, deve ser constituído em um ato responsável e jamais de salvo conduto.

Meu pai é um trabalhador e não teve a sorte de ser Presidente da República, por isso, eu pago meus cartões de crédito, religiosamente nos dias em que vencem; não tenho segurança pessoal armada, assim como 99,99% da população comum brasileira.

Carlos Henrique Mascarenhas Pires

www.irregular.com.br

Fotos: Carlos Henrique Mascarenhas Pires