A MAIOR FÁBRICA DE PRESUNTOS

A MAIOR FÁBRICA DE PRESUNTOS

Existem no Brasil inúmeras fábricas de presuntos, mas se destacam pelo nome e potência a Sadia e a Perdigão. O presunto é um produto alimentar obtido a partir das patas traseiras do porco ou suíno, salgado em cru e curado de forma natural. As condições naturais de criação destes porcos conferem à sua carne características próprias e diferenciadas, sendo o abate do porco compreendido entre os dezesseis e os dezoito meses e a sua exploração feita em regime extensivo, com alimentação constituída pelos produtos naturais da rica região sul do Brasil. Muito apreciado como entrada de refeição, o presunto é consumido como petisco; recheio de sanduíches e pizzas e outros produtos, como o folar salgado (Fogaça - presente de páscoa que os padrinhos dão aos afilhados).

Realmente é uma comida inerente aos brasileiros, pois consomem em sua maioria na forma de sanduíches. Esse presunto aqui falado e relacionado é uma alimentação gostosa e apreciada por muitos. A palavra presunto tem alguma afinidade com o período momino, o carnaval! Só tem. O carnaval pode ser considerado a maior fábrica de presuntos do Brasil. Você pode ser um bom presunto? Claro e normalmente os presuntos humanos vão parar no IML (Instituto de Medicina Legal). O filme “Você Pode Ser um Bom Presunto” é uma esperança de que a memória possa ser ativada por alguma coisa próxima ou distante. Como a música das esferas, que ninguém ouve e que ninguém vê, mas que, de repente, sentimos mesmo com os sentimentos da dor do Ser. Como um quadro na parede, uma rosa solitária no vaso ou um piano sem música. Mas ela está ali, e nós dando vida a tudo.

Vida só tem uma. E nenhum presunto, mesmo os da TV, do marketing e das Corporações transnacionais, tem como compensá-la. Se ainda pudermos ouvir a música das esferas. Luiz Rosemberg Filho e Sinval Aguiar falam sobre esse filme. “Em seus comentários dizem: O filme de Sérgio Muniz não precisa ser visto como uma obra de arte”. Basta por si, como um documento que não conseguiram rasgar, queimar e extinguir. É parte de nossa história esquecida e que se faz esquecer, o que não ocorre com os filmes investigativos de agora. O que vai a Globo fazer em uma favela, em espaços e tempos de excluídos, externalizados de tudo, inclusive de sonhos e projetos, porque de futuros anunciados? Descobrir lideranças, estratégias, investigações para futuras ações de Fleury(s)? Ou o cinema estará no fim?

Tendo nas TVs e na Internet o seu holocausto? O filme de Wim Wenders, “No Decurso do Tempo”, parece profetizar isso. Porém, nossa filosofia está respaldada nos filmes do cotidiano brasileiro, nos feriados prolongados, nos finais de semana, na semana santa e no carnaval. O carnaval que sempre foi aquinhoada como festa pagã e profana, hoje se transformou na maior fábrica de presuntos humanos do Brasil. A quarta-feira de cinzas é o dia em que as estatísticas se confirmam na mídia. Carnaval de 2008 - aumentam as mortes violentas. Relatório parcial do carnaval 2008 aponta um acréscimo de 7% no número de mortes violentas em relação a todo o feriado do ano passado. Foram 75 mortes este ano aqui no Ceará. Façam um somatório circunstanciado em todo o País e todos chegarão à conclusão que o carnaval além de ser a maior fábrica de presuntos, ainda deixa famílias órfãs, tristonhas, desesperadas pela perda de entes queridos, e seqüelas em muitas pessoas, que normalmente ficam paraplégicos ou tetraplégicos. Olhem, todos os anos é um festival de carnificina que o governo precisa tomar medidas drásticas para minorar a situação.

Tantos brasileiros passando fome e as escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo esbanjando dinheiro. O mais hilariante é que os envolvidos e presos pela Polícia Federal pela contravenção do jogo do bicho participavam tranqüilamente das apurações. As escolas de samba do eixo Rio - São Paulo sempre têm um bicheiro na cabeça. Se o carnaval foi criado para se brincar que brinquem, mas com responsabilidade, visto que se as anormalidades continuarem serão preciso ser construídos diversos cemitérios para enterrar os presuntos que o carnaval fabrica. Lembramos aqui de uma pequena poesia: “Progresso faz mundo novo? Em nada encontro essa norma. Como sempre, vejo o povo; morrendo da mesma forma”. (Sinfrônio Martins). No amor mais alto e mais lindo ligado à força do bem, quanto maior a renúncia, maior o amor que se tem. O ser humano denota não ter amor à vida, visto que se submetem as situações perigosas e estressantes e tem consciência que a qualquer instante, minuto ou hora poderá se transformar num presunto sem demora.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 06/02/2008
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