Desnudo
Com certo orgulho, tendo a timidez e a sobriedade como cabresto, recebo comentários de todos talentosos recantuais e já de alguns amigos (acreditem!) desconhecidos.
Lógico que entre os últimos, um e outra são amigos da onça. Prometem-me o Nobel, desde que eu custeie a campanha. Muito justo.
Mas pra quê? Por que eu iria querer ganhar mais dinheiro? Comprar outra casa? Intensificar-me mais no trabalho? Pra quê uma fama inesperada, tardia (se eu tivesse sido primordialmente escritor)?
Sou a antítese do jovem Werther: Nada tenho, à presença dela tenho tudo.
Entendam "dela" desde da minha familia e a vida.
Esqueçamos minha auto-promoção carnavalesca. Sou grato a todos. Primeiro, por suas existencias. Segundo, por mostrarem o quão belo é o animal humano em sua complexidade.
Farei um arrazoado para justificar minhas falcatruas literárias, aqui cometidas, em face das perguntas de alguns engabelados pelos meus textos.
Sim. "O tio.." e "Ausências" são fatos reais.
"Helmut" foi baseado em diversos diários desses infelizes humanos.
"Véspera de casamento" tem realidade e ficção. Uma de minhas tias nos contou que foi chantageada por um militar, amigo do pai dela, logo após o AI-05. Minha tia apaixonou-se, entrou em conflito com sua consciencia idéologa. Foi "sofrer" em Lyon, França, durante os anos conturbados dos Cohen-Bandit e Baden-Meinhof. O resto foi pura fantasia deste sobrinho édiponiano.
"Eros e Tanatos" é totalmente pessoal. Acho que ninguém notou.
"Mosca de Padaria" e "O mais do mesmo" têm raizes aqui no Recanto.
Fico também engabelado com a curiosidade que pessoas demonstram por meus textos. Mas, decerto, ficaria sinceramente feliz, se estas perguntas fossem feitas nos limites do "Comentários".
Minha única razão de escrever aqui não é ser rico. É lustrar meu ego. Vida longa a todos