NA MESA DO BAR
Hoje resolvi não fazer nada – fazer menos ainda do que sempre fiz. Passei o dia a ler – na net, a ouvir músicas que tinha no meu computador. Cansado de nada fazer, resolvi dar uma volta pela cidade.
Andei várias quadras – inclusive resolvi comigo mesmo que sentaria num barzinho que nunca tivesse ido e pediria uma cerveja. O bar estava sem ninguém àquela hora do dia (estranho). A "bar-girl" gentilmente pegou a cerveja e, antes de abri-la, perguntou: “Você já veio aqui antes?” Respondi que não e segui com uma interrogativa básica: “Por quê?” “A cerveja aqui é quatro reais...” “Quê? Por quê” “Aqui não é um simples bar, aqui marca-se e se tem encontros.”
Voltei a minha realidade – disse a ela que tinha entendido, mas que não pagaria o que ela me pediu – não era a minha finalidade. Levantei-me e saí. Interessante – pelo menos pra mim. Fui a outro bar.
No outro bar perguntei antes o preço da cerveja – normal. Pedi, então, que abrisse uma. Sentei-me à frente do bar, na calçada – sozinho – e comecei a tomar. Logo depois chegaram alguns senhores – inclusive ao lado tinha uma sorveteria: a balconista reconheceu-me dizendo que eu tinha dado aulas para ela há dez anos – como o tempo passa! E na roda que logo se formou – cada um com sua cerveja – um deles disse que em breve na cidade voltaria a matar bois. Achei interessante o papo deles – boi daqui, boi dali... Mil e duzentos bois no dia... – pelo menos quando os rabinos não estavam no frigorífico, pois com eles eram apenas duzentos – na marra – e não podia abater boi na ‘marretada’ – tinha que ser degolado (e só levavam a parte dianteira do boi e o fígado: vaca e boi preto: nem pensar!). Cada história!
Ah! Não podia deixar de relatar que achei um senhor que trabalhou com o meu pai no frigorífico – mas meu pai não trabalhava no abate, mas sim na transportadora. Fiquei pensando aqui com meus botões: tenho que ir a bares diferentes, pois em cada um, e em cada dia, se tem histórias novas.
Acabei de tomar apenas a minha cerveja - e foi apenas uma e retornei para casa - sentei aqui e escrevei 'Na mesa do bar'.
05 de Fevereiro de 2008.
Prof. Pedro César Alves - Araçatuba / SP