PEQUENOS GRANDES MICOS DA MINHA VIDA .

 

   Sou como qualquer outra pessoa. Tenho erros e acertos (ainda não fiz as contas, mas devo ter mais erros que acertos) e as vezes (muitas) cometo mancadas e gafes históricas.

   Algumas são tão interessantes que resolvi deixar registrado nestas linhas, ao mesmo tempo em que peço a paciência , compreensão e tolerância da minha meia duzia de leitores. O trato é o seguinte: conto alguns casos mas por favor, prometam que ninguém vai achar graça.

   Na minha adolescência, quando estava procurando emprego, fui ao escritório central de um banco para ser entrevistado diretamente pela gerente geral, uma senhora de uns quarenta anos, figura importante, muito séria e que usava óculos de grau.

   A entrevista transcorreu normalmente e tive a impressão de ter sido bem sucedido. A tragédia aconteceu quando me levantei. Ouvi nitidamente o barulho da minha calça que acabara de rasgar exatamente nos fundilhos. Como não podia dar as costas para a entrevistadora, tive a brilhante idéia de recuar para a porta .

   Só que, não percebi (e nem poderia perceber) que no meu caminho havia uma pequena cadeira. Resultado, tropecei , perdi o equilíbrio, cai de pernas para o ar e até hoje não sei se fui ou não admitido naquele banco. Nunca mais voltei lá.

   Outra muito boa foi na minha formatura no antigo ginasial. Por ter sido bom aluno no último período, quase que por unanimidade (o único voto contrário foi o meu), fui o escolhido para ser orador da turma. Preparei o discurso com todo cuidado, com a máxima antecedência e ao final de centenas de leituras , revisões, consertos e acertos, concluí que tudo tinha ficado muito bom.

   Finalmente chegou o dia da nossa formatura e no auditório, com dezenas e dezenas de alunos e familiares presentes, fui chamado para em nome da turma homenagear o patrono, nossa vitória, futuras conquistas, os alunos e etc., etc. Subi ao palco, consertei o microfone e coloquei a mão no bolso para pegar as folhas para aquele que eu mesmo considerava que seria o maior e o melhor dos discursos já realizados naquela escola.

   Quando abri os papeis fiquei gelado, pálido e me deu uma enorme tremedeira. Suando frio percebi que o que estava ali escrito não era meu discurso e sim a carta que recebera no dia anterior de uma prima, contando as últimas novidades da família lá no interior. Na pressa de sair, não percebi o engano na hora de pegar os papéis. Como saí daquela situação ? Improvisei.

   Falei de tudo um pouco, do meu time de futebol, da minha coleção de selos , do meu gosto por batatas fritas e ainda contei uma ou duas piadas sem-graça. Se foi um sucesso não sei. Pela cara que o diretor fez, com certeza não foi. Ainda bem que voltei muito mais cedo para minha casa.

   Uma das piores foi no dia do meu casamento. Como é tradição, cheguei a igreja primeiro que a noiva e como era absolutamente natural, estava muito nervoso. Pelo canto dos olhos percebi que o carro da noiva se aproximava e para evitar surpresa desagradável, sussurrei no ouvido do meu padrinho que precisava ir ao banheiro. Ele me sussurrou de volta para que eu fosse o mais rápido possível.

   Corri para os fundos da igreja e levei um certo tempo para descobrir onde era o banheiro. Estava muito escuro e não conseguia achar onde ficava o interruptor. Não teria problema, pensei. Fechei a porta, urinei no escuro mesmo, descobri onde estava a pia e lavei as mãos.

   Tudo tão rápido que , provavelmente não tinham se passado mais que três minutos. O problema foi para sair do banheiro. A porta não queria abrir e o tempo continuava passando, agora, mais rápido que antes.

   Na  escuridão forcei a saída e já no desespero comecei a socar a porta. O barulho foi tão grande (dei também uns gritos chamando meu padrinho) que logo todos foram ver do que se tratava e não é difícil imaginar minha cara quando finalmente consegui sair daquele banheiro escuro . E detalhe importante, a noiva já tinha ido informada do ocorrido e continuava esperando dentro do carro, nervosa e com uma enorme vontade de me dar um bom puxão de orelhas.

   Boa também foi quando tinha meus trinta e poucos anos (é amigos, já tive trinta e poucos anos e não foi há tanto tempo assim!). Um amigo me convidou para acompanhá-lo a um casamento chiquérrimo, já que não gostava de sair sozinho.

   De fato a festa estava belíssima e após a cerimônia fomos acomodados numa mesa com seis lugares e o que acabou acontecendo é que não conhecíamos (e nem fomos apresentados) as outras pessoas que já estavam sentadas , quatro mulheres de meia idade .Como estava conversando com meu amigo, não dei muita importância ao fato.

   A uma determinada altura percebi, num pequeno enfeite que estava na mesa, o nome da noiva :” Crisálida” . O nome não é feio (me perdoem se alguem com este nome for uma das minhas poucas leitoras), mas talvez embalado por dois copos de chope e uma dose de batida de amendoim, comecei a rir sem conseguir me controlar.

   Meu amigo me perguntou do que se tratava e eu disse. Foi o bastante para que ele também começasse a rir. Aí percebi que uma das mulheres estava me fulminando com o olhar e ainda rindo, perguntei se era para mim que ela estava olhando. A senhora, desta vez me fuzilando como olhar e o pensamento, demonstrando uma enorme vontade de apertar meu pescoço , disse que era irmã da noiva e que seu nome era: “Crisântemo”.

   Parei de rir, pedi licença, fui ao banheiro e de lá fui embora o mais rápido possível (mas antes tomei mais uma dose de batida de amendoim, que estava realmente divina).

   Só para encerrar, ainda quando era adolescente fomos participar de um torneio de futebol patrocinado e organizado pelo pároco da igreja do bairro. Como era uma festa, estariam presentes os pais de vários jovens, a diretora da escola que ficava ao lado da igreja, algumas professoras e o bispo, que visitava a cidade naquela ocasião.

   Ficou combinado que eu levaria os calções, um outro colega as camisas e as meias. O torneio seria num domingo e no sábado, como tinha ido a uma festa fui deitar muito tarde e o resultado é que acordei em cima da hora, mal deu tempo de engolir um café e sair as carreiras, esquecendo-me completamente de pegar o saco com os calções.

   Cheguei ao local praticamente na hora do inicio do nosso jogo. Fui para o vestiário, as camisas já estavam arrumadas mas e os calções ? Não dava tempo de voltar em casa para pegá-los. E o que fizemos ?

   Primeiro, ganhei uns tapinhas na cabeça, segundo entramos em campo só de meias e cuecas e como as camisas eram um pouco compridas, deu para disfarçar. Ainda bem que perdemos, o jogo acabou rápido e no vestiário, ganhei mais alguns tapinhas.

   Poderia contar mais, até por quê o que mais fiz na minha vida foi dar mancadas e cometer gafes. Só não vou continuar porque tenho certeza de que alguém pode estar achando engraçado.....

 

 

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(.....imagem google.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 06/02/2008
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T847613
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