De novo nos bancos da escola...

Pois é...

Quando se pensa que paramos, vemos que algo nos empurra mais uma vez para os bancos da escola.

Está certo que não é mais aquela saudosa dos idos tempos de outrora, mas, temos que dançar conforme a música.

Assim, já que os modismos atingem também as escolas, cá estou eu em um MBA (Master Business Administration)... bonito né... em inglês até que dá um tom de coisa muito importante, mas, tirando esse neologismo indecente até que é interessante o cursinho... é nisso que estamos empenhados através da ABDIB e FIA/USP.

Quem sabe não será útil depois para consultorias.

Mas não é isso o que importa, o que mostra é que, sempre que quero pendurar a chuteira me aparecem novos desafios, assim, vamos seguindo, aí lá ficam olhando, como a dizer ou questionando... o que está fazendo aqui este senhor?

A busca de conhecimento é incansável, assim, fui também convencido pelo meu filho, já que tanto o convenci também, de que as coisas que entram na cabeça nunca mais saem. e dali também jamais as arrancam. Como dizia o grande Albert Einstein: "A mente que se abre para uma nova idéia, jamais retorna ao seu tamanho original".

Pois bem, motivado também pelo tema de momento, que é a necessidade premente de energia que o país tanto necessita para o progresso, e os impactos causados à natureza de empreendimentos frustrados como a hidrelétrica de Balbina e Samuel na Região Norte, busquei algo correlato com as Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira (Santo Antonio e Jirau). Assim, o curso que me surgiu foi Gestão Sócio Ambiental Aplicado à Energia Hidrelétrica, tendo como ênfase nesses estudos o Complexo Rio Madeira, em Rondônia.

Acho que já tive oportunidade de dizer que hidrelétricas me perseguem a vida toda.

Minha terra natal, fincada nas barrancas do Rio Paranapanema, teve energia elétrica antes que a cidade do Rio de Janeiro. Tinha uma hidrelétrica que foi um dos primeiros palcos de estripulias de minha livre infância,

Papai trabalhou na construção da Hidrelétrica de Jurumirim por volta de 1.960, depois no mesmo Rio Paranapanema, mais a jusante, trabalhou também na construção da Hidrelétrica de Xavantes, onde veio a falecer em Julho de 1.969.

Se fosse falar do atual MAB-Movimento dos Atingidos por Barragens, poderia dizer que a represa de Jurumirim cobriu parte das terras de meu avô, que ficava próximo ao Rio Taquari, um dos afluentes mais próximos do vertedouro. Assim, posso dizer que também fui um atingido, mesmo que indiretamente.

Saindo daquela região, vim a ter com trabalhos desenvolvidos na área de energia.

Em minha empresa, pude colaborar com trabalhos para Itaipú, Três Irmãos, Taquaruçú, Xingó, Tucuruí, Serra da Mesa, Machadinho, Cana Brava, entre outras tantas que não me recordo de pronto. Agora, me surge a oportunidade de me localizar no centro de um furacão chamados Complexo Rio Madeira, equiparado à uma metade de Itaipú, com capacidade de geração de 6.400 MWh. nas duas plantas.

Existe ainda a explorar mais duas na Região, uma Binacional em Ji-paraná e outra na Bolívia, no Rio Beni (afluente do Madeira), mais precisamente na Cachoera Esperanza, que creio deverão ter lugar quando governos menos populistas sejam eleitos no país irmão.

A questão "SUSTENTABILIDADE" tem sido também o assunto de momento. O homem está acordando, espero que cedo, para dar um grito de basta contra a destruição do nosso habitat.

O homem apareceu por último na face da terra, e qual um predador ambiental, uma traça, um cupim, ou sei lá que comparativo, vêm devorando vorazmente suas reservas de biodiversidade, e, de forma mesquinha e egoísta, impedindo a vida futura neste paraíso.

Para que a vida futura tenha chance, muita coisa deveria ser pensada agora. Uma pequena contribuição seria a mudança dos processos decisórios, com medidas simples tais como:

• Inserir os preços de uso de recursos e serviços ambientais aos preços de bens e serviços comercializados no mercado;

• Remover os subsídios oferecidos para agricultura, pesca e energia que causam danos às pessoas e ao ambiente;

• Remunerar os proprietários de terras para a gestão dos recursos que protegem os serviços ecológicos, como qualidade da água, seqüestro de carbono e outros serviços valiosos para a sociedade;

• Estabelecer mecanismos de mercado para reduzir a perda de nutrientes e as emissões de carbono de maneira custo-efetivo;

• Reconhecer a biodiversidade como bem global sujeito a aspectos legais nacionais e internacionais;

• Reconhecer os interesses de todas as partes envolvidas.

Você estaria disposto a pagar mais pelo que consome, sendo que esse adicional seria usado para garantir a sustentabilidade, ou seja para permitir que as suas gerações futuras possam continuar a viver neste planetinha chamado Terra?

Assim, meu caro amigo, foi com questões do tipo que me defrontei e estou me defrontando nesse meu novo desafio.

Nós que estamos há tanto tempo preocupados em gerar energia, agora nos vemos às voltas com a necessidade de criar a energia, porém respeitando a natureza, com responsabilidade e sabedoria para passar a decidir sobre coisas que levem em conta a vida acima de tudo.

Com essas premissas, vende-se a idéia de que o uso de tecnologias mais caras porém com baixo impacto ambiental na construção de empreendimentos hidrelétricos.

O país será o precursor de geração de energia em grandes rios, sem que sejam necessários alagamentos de grandes áreas.

Essas decisões, levaram em conta, por exemplo os Princípios de Malawi, quais sejam:

Princípio 1 - As escolhas da sociedade determinam os objetivos da gestão da terra, água e recursos da biodiversidade.

Princípio 2: A gestão deve ser descentralizada ao nível mais elementar apropriado.

Princípio 3: Os gestores do ecossistema devem considerar os efeitos atuais e potenciais de suas atividades para ecossistemas adjacentes e outros.

Princípio 4: O reconhecimento de ganho potencial através da gestão econômica do ecossistema requer programa para (a) reduzir distorções de mercado que afetam, adversamente, a biodiversidade; (b) alinhar incentivos para promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade; e (c) internalizar custos e benefícios de determinado ecossistema dentro de limites viáveis.

Princípio 5: A fim de manter os serviços ecológicos, a conservação da estrutura e funcionamento do ecossistema deve constituir o alvo estratégico da abordagem.

Princípio 6: O ecossistema deve ser gerenciado dentro dos limites do seu funcionamento.

Princípio 7: A abordagem ao ecossistema deve ser conduzida na escala especial e temporal adequada.

Princípio 8: Os objetivos para a gestão do ecossistema devem ser de longo prazo, considerando-se a variação da escala temporal e os efeitos tardios que caracterizam os processos no ecossistema.

Princípio 9: A gestão precisa reconhecer que mudanças são inevitáveis.

Princípio 10: A abordagem ao ecossistema deve buscar o equilíbrio e a interação entre conservação e uso da biodiversidade.

Princípio 11: A abordagem ao ecossistema deve considerar todas as formas de informações relevantes, inclusive o conhecimento científico e indígena, inovações e práticas.

Princípio 12: A abordagem ao ecossistema deve envolver todos os setores relevantes da sociedade e das disciplinas científicas.

Tudo isso nos faz repensar a nossa existência e a forma que utilizarmos aquilo que chamamos de conforto social.

Assim, desde o momento que acordamos, temos que ter atitudes que levem em consideração a sustentabilidade. O banho quente, a água que usamos para escovar os dentes, para beber, para lavar nossas roupas e os utensílios de cozinha, o combustível do veículo, a geração de resíduos, etc...

Pois é meus caros, banco de escola tem tudo isso e muito mais... nunca será tarde para buscarmos conhecimento, e melhor ainda, poder utilizá-los para o bem da sociedade como um todo, sem fronteiras, sem idiomas, sem governos, sem limites...

Convido-os para a grande festa do planeta, convido-os para deixar o mundo viver!

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 06/02/2008
Código do texto: T847517
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