Puxão de orelhas
O excelente cronista Luiz Guerra escreveu A crônica mora na esquina e desde que li tenho pensado bastante no assunto. Alguns de meus eventuais leitores fazem esta pergunta: como você decide o que vai escrever? De onde tira os seus assuntos? Eu bem queria ter, mas não tenho uma resposta pronta.Às vezes ela realmente mora na esquina, outras vezes ela entra dentro de sua casa, até sem pedir licença. São coisas que vão acontecendo na vida, uma puxando a outra, nos fazendo refletir. Acabo colocando no papel porque me ajuda a pensar melhor.Muitas vezes eu sento frente ao computador e as idéias vão brotando, saindo sem que eu tivesse pensado nelas antes.Chegam a me assustar. Mas não foi isso que aconteceu hoje. Hoje, o que vai me fazer escrever, são fatos acontecidos aqui, neste site.
Uma escritora deste site, resenhista, assim como eu, fez uma resenha sobre o livro O Segredo, de Rhonda Byrne. Eu fiz um comentário. Sobre o livro, não sobre a resenha. Ela não gostou do meu comentário ter sido sobre o livro e não sobre a resenha e enviou-me um e-mail. Eu pedi desculpas, também através de e-mail. Ela tornou público o seu desagrado, solicitando, de certa forma, que eu corrija o meu erro. Publicamente. Não sei muito como fazê-lo, pois continuo não gostando do livro.E nem mais o tenho em mãos, para resenhá-lo, como ela me sugere. Quanto às desculpas, ela merece. Eu peço publicamente e de coração. Fui ler a resenha que ela fez porque gosto de ler resenhas. Acho que me ajudam muito a escolher os livros que vou ler. Não tem nada a ver com o gosto do resenhista: muitas vezes compro o livro por causa da resenha negativa. Quero conferir. Apenas gosto de ouvir opiniões de outras pessoas que, como eu, têm o hábito da leitura. As resenhas que faço por sua vez não são dogmáticas, nem técnicas: as pessoas podem discordar de mim a vontade porque escrevo realmente de acordo com o meu gosto. E gosto não se discute. Lamenta-se. Como disse Vany Grizante em sua ótima crônica: Gosto se discute? O Segredo eu comprei esperando encontrar um segredo. Como não achei nenhum, me senti ludibriada pela mídia. Principalmente porque é um livro lindo, muito bem editado. As livrarias o expõem belamente. Tudo nele chama atenção. A maneira como é exposta, a qualidade da edição. É quase irresistível não comprá-lo. Mas, quando a gente se dispõe a ler, cruel decepção.Quer passar por ciência mas não passa de auto-ajuda, na onda da Física Quântica.E olhe que eu não tenho nada contra livros de auto-ajuda. Nenhum preconceito. É só o que posso dizer sobre o livro. Quanto a resenhista em questão é ótima e vou continuar a ler o que escreve, como sempre faço. Só não vou dar mais palpite.
Um texto que me chamou a atenção foi Querer ser lido, do Rodolpho. Concordei com tudo que ele fala ali. Eu estaria sendo hipócrita se não concordasse. Escrevo aqui porque quero que me leiam.E gosto que comentem. Já discordaram do que escrevi. Não me importei.Expliquei-me, quando foi possível explicar. Mas o Rodolpho não gosta muito que os comentários se limitem a uma única palavra:Lindo! Maravilhoso!Excelente!Soberbo!Sublime! Foram estas as palavras que ele relacionou e como a carapuça me serviu, fui lá correndo para ver se eu tinha comentado algum texto dele desta forma. Pelo que pude constatar, não.Graças a Deus, não é exatamente comigo que ele está falando. Esta parte da crônica dele me fez pensar. Ele deduz que as pessoas que usam esse tipo de comentário o fazem sem uma análise acurada.Comentam por comentar. Buscam um retorno, talvez. Mas eu pergunto? Todos nós temos condições para fazer esta análise? Muitas vezes eu leio e acho sublime o que li. Apenas isso. Não vão me interessar outras características do texto, nem positivas nem negativas. O texto me encantou, tocou a minha alma. Gostei. Gostei muito.Um recado simples para quem escreveu e tocou o meu coração. Só não posso dizer: não gostei. Pare de escrever bobagens e coisas semelhantes. Quando eu não gosto apenas não leio mais. E não faço isso porque não tenha senso crítico. Mas porque não acho ético. Não aqui, onde somos iguais. Quase todos amadores. Deixo o meu mau-humor aparecer apenas nas resenhas que faço. Por isso, mais uma vez, peço desculpas . Não é habitual em mim atacar o mensageiro. Coisas me irritam aqui, sim. Mas uso o recurso de ignorar. Quando escrevo Gostei é porque li e gostei.Mas o puxão de orelha do Rodolpho ardeu. Vou tentar mostrar realmente que li o texto que gostei fazendo comentários mais claros. Valeu. Os puxões de orelha que recebi foram valiosos. Permitiram que eu fizesse uma crônica, estava meio sem assunto hoje.
(Quero esclarecer que esse puxão de orelhas foi dado em mim mesma e não em outra pessoa.Quero esclarecer também que modifiquei esta crônica hoje, dia 06 de fevereiro para evitar aborredimentos)