A vida imita a arte ou a arte imita a vida?

Acabou. O gosto de fim baila de um lado para o outro dentro de peito, numa rendição ao inevitável. Vestígios de lágrimas surgem à borda dos olhos e a única companhia que se faz presente é o passar lento das horas. Sentados ficamos na margem do vazio que silencia e nada nos responde.

Ironicamente, somos todos arredios à palavra “fim”. Somos efêmeros como o são todos os que nos cercam, mas nos custa aceitar o corriqueiro ”the end” de cada filme que assistimos. E os nossos casos de amor são nada mais, nada menos, do que películas cinematográficas, em que somos um dos protagonistas principais. Desde aquele primeiro namoro até esse que ainda (ou não) está em cartaz.

O roteiro varia de acordo com as idades, as fases da vida, as necessidades, os desejos. Mas tudo é um filme. Filme cujas cenas passam frente a uma restrita platéia.

Pode ser de vários gêneros: comédia, drama, faroeste, musical, policial, infantil, aventura, romance, ficção, épico ou terror. Quase esqueço de citar o desenho animado, mas não descarto a possibilidade de que te insiras nele, conforme a tua própria realidade.

Em qualquer manifestação da sétima arte podemos encaixar nossas histórias pessoais nos relacionamentos que fazem parte da nossa vida. Tente classificar do primeiro ao último, do passado ao atual, todos os seus relacionamentos e se surpreenderá com o perfeito enfoque de todos, segundo ao tipo de enredo, em um ou mais dos estilos. De repente, um toque de comédia e outro de ficção. E assim por diante, vamos acumulando e catalogando rolos de celulóide nas prateleiras da alma.

Sei, no entanto, de películas que se mantém, apesar do passar do tempo, como eternos sucessos de bilheteria. E não são poucas. Se estiveres excluído desse rol, não desanima porque a vida nos surpreende sempre com algo novo a cada manhã e é bem provável que a tua obra prima esteja, ainda, por acontecer.

Quando um amor termina, não é justo considerá-lo um fracasso. Todos os finais são os arremates de uma fase. Trata-se somente de um filme que teve epílogo e saiu das salas de cinema. Logo uma diferente estréia estará pronta para se realizar.

Portanto, te digo que esse teu momento é a “avant-premiére” de um próximo filme que, em breve será lançado: um novo desafio para ti, protagonista que és de alguns roteiros, onde cometeste erros e acertos, que te prepararam para novas tentativas de realizar o teu melhor desempenho.

Os caminhos te trarão a chance de estrelares um filme memorável e, quem sabe, interminável até o FIM, propriamente dito.

Afinal, fica a pergunta no ar: a vida imita a arte ou a arte imita a vida?

A expectativa do novo está a teu lado, rondando a tua imaginação. Deixa de lado, pois, as lembranças do que já foi e dá asas aos sonhos do que irá acontecer. Aproveita a filmagem e não esquece de que a vida, com arte ou sem ela, é uma constante estréia.