Apaixonada!
Não gosto de falar de minha vida íntima, mas desta vez preciso contar: estou apaixonada! Confesso que, no início, ele não me atraía nem um pouco. Nossa aproximação se deu porque, sabem como é, eu estava realmente necessitada... e ele ali, se oferecendo tentadoramente para mim... pois, vejam só, depois que ele entrou em minha vida, parece que tudo ficou mais simples.
Adoro ir para a cama com ele. Às vezes ficamos muito tempo juntos antes de dormir, e nessas ocasiões, pela manhã, tenho olheiras profundas. Mas a sensação é deliciosa, é de dever cumprido, de prazer pelos seus programas empolgantes...
Ele é, ainda, um grande companheiro: ultimamente tem me acompanhado aonde quer que eu vá. Não sai de perto de mim! Meus filhos também gostam muito dele, mas para ser sincera, tenho ciúme e não deixo que passem muito tempo juntos. Ele é depositário de segredos meus, e não quero que ninguém, através do contato com ele, saiba de particularidades minhas que a ninguém interessam, a não ser a nós dois.
Faltou informar que ele é negro. Adoraria dizer que é negro como as asas da graúna – diria, se tivesse ao menos visto uma em minha vida. Só que nunca vi. Porém talvez um dia ele mesmo me mostre a tal ave, afinal, ele sabe de tudo! É muito informado e antenado, apesar de que... bem, na verdade, ele é bem quadrado. E chato, muito chato! Mas isso não atrapalha, pelo contrário: essa característica dele só o torna mais cativante, ainda mais quando ele se abre para mim, do jeito que só ele sabe fazer...
Nossa relação tem sido muito boa, mas temo que, um dia, ele se encha de mim, e quando isso acontecer, todos sabem o desfecho: ele não vai mais funcionar. É triste, mas eles costumam falhar, nós mulheres sabemos disso. Porém, só temos que ter paciência e começar do zero, quantas vezes forem necessárias. Reiniciar, sempre. A paciência é uma virtude que deve ser cultivada em toda e qualquer relação.
Nunca pensei que chegaria a dizer isso um dia, mas eu e meu notebook estamos em lua de mel. E é nele que, neste momento, escrevo esta bobagem crônica.