Uma viagem

Aniversário de 155 anos da eterna menina (...), feriado na quinta, (brasileiramente:) feriadão.

Aproveito o dia para passar em casa de uma de minhas maternas tias de Altos, a tia Laíde.

Aí, minha mãe vai resolver umas cousas, como a cota de energia da casa de um bom homem, o nosso caro ti(o) Nonato, e eu, praticamente fugido à miserável repetição de um quase, diria, sambinha que fizeram de um dos hinos daqui, vou só para marcar ponto.

Que disso não tome(m) conhecimento (o criador do walkman nem) um parente meu sequer, ou que esta minha crônica seja a última a ser lida com uns 50(0) anos quiçá da minha morte: Eu os amo, sem tirar nem pôr, a todos, mas ao mesmo tempo, lá, às vezes me sinto como se estivesse em uma coletiva de imprensa.

(E olha que já também fujo ao jornalismo investigativo da rua onde moro!)

Além de já ter passado-se o tempo, devido a meu corte recente que lembra (de longe) o de um militar ( – Antes o não tão longo de um militante!!) e por uma ínfima e legítima co(n)ta de lamentações por finalmente estar bem mais forte (= entre barrigudo e obeso), de acordo com eles todos e meio Nordeste.

Afora os casamentos a que me atiram (mas por aqui mesmo em Teresina).

Afora estar cheio de dedos (de Shiva) alguns anos atrás com uma das mãos em um dos bolsos (pequenos) e a outra, a apertar, como se puxasse uma das maiores amizades que tive na Infância: O meu primo (ainda muito querido) Paulo!

O que fiz a ele? Sinceramente não sei. Em uma das curvas do tempo, de minha puberdade à adolescência, houve, entre nós, um estranhamento. Logo adentrei na universidade e ele, no Exército. Contraímos novas amizades, e... Não! Cronologicamente está muito errado!

Um pouco depois da época dos grandes quintais interligados, ainda quando batiam às portas das minhas férias e muitos finais de semana um cheiro tão bom de mato com farinhada, eu fui deixando um pouco de lado as brincadeiras para olhar mais as meninas. Devia ter 11 anos de idade.

Mas fui eu, sim, o culpado: Lembro-me de que sempre queria ser o melhor de todos, (= o chato), o bonzão. E acreditem que por uma postura idiota que muitos adultos ainda justificam assim... como se fosse o banditismo de Virgulino Ferreira: A cor da minha pele.

Mas quando afinal senti e ouvi nos desabafos e despenhadeiros da vida que todo ser humano sangra do mesmo jeito e que tem mais ou menos por gêmeos o ópio e a alegria, foi que me libertei e me gostei mais ainda como negro que sou nesta passagem.

Não se achegou meu primo, contudo, a esse meu despertar, e pela pergunta que me fez um mês atrás (com ares de malícia e aventura de macho) sobre ter caído em minhas graças uma outra mulher mais velha e lhe haver respondido que caímos, sim, e quando caí, parei no céu (porque é distinto e mais forte que tudo que já senti antes, apesar de olhar o País quase inteiro com impressão apenas de interesse financeiro e sexo uma relação em que dois espíritos, bem mais que isto, se cheram), e porque, já distantes, entre os meus 18 e 19 anos, sempre arranjava uma desculpa e terminava às portas de uma grande e preciosa amiga minha (cujo nome é anagrama de minha mãe, mas que era intensamente compromissada e apenas uns 2 anos mais velha que eu) pertencente a uma família de ex-ricaços de Altos, e do bilhete que minha mãe, já desconfiada, me pegou lendo de Leda (uma rapariga formosa e caliente que, aos 25 anos, creio, sentava-se nas pernas de um moleque de 12)...

E foi o que internalizou o outro, partindo-se.

Entretanto (para que se não perca de vez a crônica e torne-se este meu texto mais enfadonho e íntimo:), nunca entendi por que haver (de olhares estupefatos que ainda hoje desprendem-se, inclusive) uma certa e besta hierarquia de segmentados valores: Do altoense ao teresinense, e deste ao carioca, e deste finalmente (contanto que não chegue a ser o turista idiotizado) ao estrangeiro.

Uma cultura, firme em suas legítimas tradições, não sucumbe assim, perante outra.

O porém é que há barbaridades pelas quais não se pode passar a Civilização desapercebida. Como o caso do Afeganistão (às mulheres) e da Índia (às castas).

Ah, mas volto lá no dia 06 de Setembro, como ficou prometido, e quem sabe, assim, não tenha um melhor final esta crônica?!

E (claro:) viva a mais um feriado!

a 17/08/07