Ainda havia algumas coisas que eu queria ver mas o tempo era pouco. Tomei um táxi e foi uma sábia decisão, pois se continuasse caminhando não só deixaria de sentir as pernas, o que já estava começando, mas principalmente perderia uma oportunidade de conversar com esse motorista.

Torre de Belém, Mosteiro dos Jerônimos, Monumento dos Grandes Descobrimentos... O assunto incluiu infalivelmente futebol: contou-me que era torcedor do Benfica e que já havia causado uma das maiores confusões no Estádio da Luz, quando ele começou uma briga que só terminou muitas horas depois: O “gajo” era valente...

Perguntou-me se tinha planos de voltar a Portugal e que não deixasse de trazer um revólver com silenciador (por alguma razão, ele achava que nós aqui no Brasil vivíamos num país sem muita lei ou ordem, vejam só !). Naqueles dias, dizia ele, havia muitos assaltos a motoristas de táxi em Lisboa e ele queria instalar um mecanismo no porta-luvas do carro para que se o incauto passageiro se revelasse um assaltante, ele acionaria um botão próximo ao volante e a arma dispararia no peito do abusado... O “gajo” era mesmo decidido. Só não tive coragem de perguntar prá que o silenciador...

“Olhai senhores esta Lisboa doutras eras
Das cruzadas, das esperar e das toiradas reais
Das festas, das seculares tradições
Dos populares pregões matinais que já não voltam mais
Lisboa doiro e de prata, outra mais linda não vejo
Eternamente a brincar e a cantar no azul cristalino do Tejo”.

Disse algum poeta Português a respeito da relação entre a cidade e o rio:

“O Rio Tejo aparece em todo lado, como que perseguindo a famosa urbe com um apaixonado e incurável amor, dando-se integralmente mas exigindo como prêmio a perpétua contemplação da amada.

Quem alguma vez o contemplou e gozou o privilégio de assomar, com os olhos do espírito, à ilimitada e refulgente superfíce do estuário, conservará para toda a vida uma das vivências mais belas que a sensibilidade humada pode apreender. Lisboa e o Tejo formam um binômio inseparável. O rio é a espaçosa e bela janela através da qual Lisboa assoma ao Atlântico, com graça e majestade”...

Voltar a ver esses amantes eternos? O Futuro cuidará...

Leo Della Volpe
Enviado por Leo Della Volpe em 02/02/2008
Reeditado em 30/11/2008
Código do texto: T843523
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