Temperatura agradável, beirando os 17 graus em pleno outono Europeu, se é que se pode enquadrar a capital portuguesa nas mesmas características climáticas do restante do continente. No mesmo dia em Estocolmo de onde saí, o mercúrio lutava para subir além dos 4 graus, mas não conseguia.

De imediato, a sensação de “se estar em casa”: peles morenas, olhos castanhos, propagandas no idioma familiar, o som lusitano me fazia sentir dentro da piada... Demora na chegada das malas, muita gente falando ao mesmo tempo, dificuldade para conseguir informação.

O táxi seguiu, radio sintonizado num desses programas em que o locutor conversa com os ouvintes, estes solicitam músicas, concorrem a prêmios... 20 minutos até o Hotel: Gente Humilde, Travessia... Estava mesmo no Brasil.

Na mesma noite, naquela infalível ligada na TV do quarto do Hotel, um trecho de “Guerra nas Estrelas”. Não pude deixar de rir : Dart Vader atormentando a vida do Lucky Skywalker. O terrível vilão intergalático falando como o seu Joaquim da padaria.... Mais um detalhe que não pude esquecer: a banda de heavy metal que fazia sucesso em Portugal na época se chamava “chutos e pontapés”...

Cabral deve ter se surpreendido ao imaginar-se chegando às Índias Orientais e topar com os índios brasileiros. Eu também, ao navegar sozinho por Lisboa .

“Lisboa velha cidade
Cheia de encanto e beleza
Sempre formosa ao sorrir
E ao vestir sempre airosa.
O branco véu da saudade
Cobre teu corpo, linda Princesa...”

Descendo a Avenida do Libertador, nas encostas do lado esquerdo as ruelas íngremes e os bondes que preguiçosamente as escalam, levam gordas senhoras para os ritos matinais nas igrejas lá do alto.

O “mar” da Avenida do Libertador termina na Estação de Caminho de Ferro. Em frente, a Praça do Rossio com a estátua de D. Pedro IV (para os Portugueses) ou o nosso velho conhecido D.Pedro I. Dizem que nessa praça “tudo é movimento, toda a gente parece estar invadida por uma ânsia desbordante de viver livremente e de respirar, a plenos pulmões, os mais intensos aromas vitais”...

Atravesso a Praça da Figueira e vislumbro o Castelo de São Jorge. No caminho, passo pela Casa dos Bicos, pergunto aqui e ali, subo as ladeiras tortuosas da Alfama e me encontro com a Catedral de Lisboa, a “Sé” destruída por terremotos e reconstruída tantas vezes, com ares de fortaleza medieval. Adiante, a Igreja de Santo Antonio, erigida no local exato onde nasceu Fernando de Bulhões, que morreu em Pádua na Itália convertido em Santo Antonio. Diz a lenda que ao falecer o santo todos os sinos de Lisboa tocaram espontaneamente.



Leo Della Volpe
Enviado por Leo Della Volpe em 02/02/2008
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T843521
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