O Velho, Eu e o Natal

Está fazendo alguns anos e era dia de Natal. Voltava eu de uma viagem, cansado e até um pouco triste por não estar passando o grande Dia da Cristandade com a minha família. Mas ao passar pelos armazéns da Estação, notei que um homem me fazia sinais. Ao chegar perto notei que era um velho. Tinha ele uma barba quase branca, aparentemente tratada. As suas roupas eram velhas, mas muito limpas. Mas o que me impressionou foi o seu olhar, irradiando uma bondade e uma serenidade que eu jamais vira. Então ele me disse, com uma voz tão paternal que eu fiquei imobilizado diante de tão suave autoridade: “Meu filho, não deve ficar triste neste dia. Olhe, eu te convido a comer alguma coisa comigo. Veja quanta coisa que uma criatura bondosa me ofereceu, e seria uma pena não ter com quem repartir”.

À frente do velho estava uma toalha branca muito limpa e nela, tudo o que se poderia imaginar de boas comidas e doces. Enquanto eu provava alguma coisa ele ia falando: “Sabe, eu também já tive uma família e uma casa, e nem por isso estou triste, pois o mundo é minha casa e os meus estão em um lugar muito melhor que nós. E se um dia estiver distante ou à sua mesa faltar um dos seus, lembre-se de mim”. Dias depois perguntei por ele e me disseram: “Como ele apareceu na véspera do Natal nós o chamávamos de Papai Noel”. Como poderia eu esquece-lo?

Laércio

Laércio
Enviado por Laércio em 02/02/2008
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