Renato: o meu goleiro
“Renato: o meu goleiro”
Existem pessoas que não são notadas à primeira vista. Tímidas, reservadas. Como uma bola solta na intermediária. Pode dar certo ou não.
Quando já no primeiro treino foi designado para ser goleiro, assustei-me. O goleiro geralmente é alto, magro, de grande envergadura. Nada havia fisicamente que lembrasse um defensor. Apenas fino, quase raquítico. Mas tudo bem.
Treinamentos começaram e as bolas foram parando naquela barreira. Comecei a duvidar da minha avaliação anterior sobre a estatura do nosso novo atleta. Dentro d’água o sujeito crescia. E como!
Lembro-me das goleadas impiedosas que sofríamos e no famoso cara-a-cara com o atacante, ele jamais tirava o rosto. Eis aí um macho. Mas macho real. Nada de ser agressivo ou loucão, como a maioria de nós. Mas assumindo seu papel de muro intransponível. Macho é o cara que assume quem é e resolve na hora do vamos ver.
Na reposição da bola, sublime. Ela cai nas mãos do ponta como uma luva. Ou melhor, como uma cola. Prega em nós com pontaria certeira. Certeza de contra-ataque mortal. Visão de jogo perfeita. E calado. Águas paradas, são águas profundas.
Depois de desfiar as qualidades atléticas dele, prefiro me fixar no homem. Companheiro sensível. Analista criterioso dos jogos. Devíamos ouvi-lo mais. Atualmente estamos próximos. Iremos viajar daqui a quarenta dias. Mal posso esperar.
Esperar o quê? Aguardo a possibilidade de conviver mais com essa pessoa sensacional. Melhor goleiro de todos os tempos na história do pólo-aquático goiano. Na realidade, a própria história do nosso pólo.
Um monstro que cresce no último momento, o fio de esperança. A reserva moral da equipe. Nossa única certeza.
Poderia dizer mil coisas a você, mas apenas agradeço –em nome de toda a equipe- a sua tenacidade, raça e técnica. E acima de tudo, sua amizade!!!
JB Alencastro, o mais antigo do time