Maldito Carnaval
Repiques, cuícas, tambores, tamborins, mais outras coisas afins, seus mil sons estranhos e suas rimas pobres.
Mil desculpas Chico, mas que declarem guerra em pleno domingo de carnaval, ou mesmo antes, para que nos livremos também da sexta e do sábado. E tomara, oh Deus, nenhum filho fuja à luta, ocupem-se todos das batalhas, que deixem nossos ouvidos e mentes em paz.
Noites boemias arruinadas, noites de sossego frustradas. Carnaval do século XXI é o auge da mediocridade de uma rica expressão popular, que definha sob a influência das imposições de padrões comportamentais uniformizadores da alma humana.
Que seja o ano da motinha e tigrão, que seja o ano da bunda alvoroçada, que seja o tempo de uma coisa que os apresentadores dos domingos e domingões insistem em empurrar-nos goela abaixo como se samba fosse, ainda que sobre o espaço dedicado às paródias megalomaníacas dos desfiles de rua anglo-saxões, em apresentações alternadas entre as duas nossas maiores metrópoles para não atrapalhar a novela da TV, é sempre apenas mais do mesmo, rápido, sem gosto, sem sentido ou conteúdo.
Salvem-me do comportamento imbecilizado e uniformizado. Não vou me adaptar à imposição da rádio da moda ou da ditadura da audiência televisiva. Mandem-me à Sibéria se for preciso. Lá, tenho certeza, ainda que a euforia seja escassa, será muito mais provável que seja legítima, espontânea e real.
Onde foi que esconderam o samba?