ESTRADA DA VIDA

ESTRADA DA VIDA

Sem entender bem porque me vi um dia na estrada da vida e ainda sem saber bem porque comecei a caminhar. Encontrei flores que enfeitaram o meu caminho e espinhos que se me apresentaram, ferindo-me os pés e perfumando as mãos; enquanto caminhava a poeira me sujava e a outros que trilhavam comigo. Pisei tanta poeira e pedras que me machucaram os pés descalços porque não poucas vezes, nem sapatos eu tive.

Quantos por mim passaram, crianças, adultos, brancos, negros, pobres, ricos, letrados, ignorantes, alegres e tristes que desapareceram no horizonte da vida! Muitas delas, nunca mais as vi, algumas certamente morreram ou simplesmente sumiram, sem qualquer notícia.

Continuei a caminhar, às vezes com passo apressado, outras a passos lentos quando o cansaço chegava. Por vezes o sol foi causticante enquanto não se encontrava sombra para descansar o corpo exangue e refazer as forças. Outras vezes o frio foi intenso e faltaram-me agasalhos, em vista disso senti mãos e pés gelados.

Se encontrei sol abrasador e frio intensos, também é verdade que repousei sob sombra e brisa refrescantes. Por vezes estive na noite do tempo, na mesma estrada a contemplar o luar e as estrelas, a idealizar castelos e sonhos futuros. Quantas ilusões, amores e castelos desfeitos na minha jornada. Amei e me amaram, chorei e fiz com que outros chorassem, em virtude de minhas incompreensões; enxuguei lágrimas, muitas me foram enxutas, perdoei e fui perdoado, mais do que merecia; maltratei e me maltrataram, conduzi cegos, entretanto me guiaram muitas vezes; alegrei a muitos, mas os meus semelhantes me alegraram mais e na contabilidade do tempo era maior o meu débito que o crédito.

A minha estrada já foi percorrida em muitos quilômetros, além da metade e quem sabe já esteja no seu final porque nela há curvas e elevações, não se podendo precisar o que vem depois delas. Em cada parte dela, conheço outros personagens que me animam e renovam as esperanças e sonhos de persistir na caminhada. Nela não há retrocesso é de mão única, bem sinalizada e por demais movimentada.

Como caminheiro continuo o meu percurso e novos quilômetros são vencidos; flores são renovadas, outras são as pedras e pessoas que não me são percebidas, principalmente quando a marcha é apressada.

Minha estrada é igual a de todos, caminhamos juntos, mesmo que em direções opostas.

JOSE BENEDETTI NETTO

jose benedetti netto
Enviado por jose benedetti netto em 01/02/2008
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