Possibilidade de acordo?(narrativa de um fato real)
Tenho uma amiga que contagia com o seu bom humor.
Advogada, não se abate na lide diária.
Mas, nesse dia, a barra foi pesada demais. Chorou.
A sala de audiência estava repleta.
Misturavam-se os anseios, os rancores, as espertezas, as ingenuidades, o tecnicismo jurídico, os odores.
Como televisão e cinema não têm cheiro, quem vê o julgamento pela tela não imagina os odores que se sentem por lá.
Nem sempre a coisa cheira bem.
Na mesa destinada às partes, estavam de um lado a reclamante, com a criança de meses no colo, no outro a empresa com a assistência jurídica.
Insistia a minha amiga, advogada da autora, para ocorrer a conciliação e através dela um acordo; pequeno acordo financeiro pondo fim ao processo.
Não passava de R$1.000,00 a pretensão da autora, com a sua filhinha no colo.
A empresa, inflexível.
Com algum sofrimento, o acordo foi homologado.
Todos foram embora.
Cada um cumprira o seu papel.
A autora foi para a casa e horas depois a criancinha morreu...
Estava com câncer...
Lutava a mãe para receber algum para amenizar a dor daquele anjinho.
Mas, o que não está nos autos do processo não está no mundo, diz o ditado jurídico.