Máscara Negra.

Acordo cedo com o inusitado barulho da chuva. É verão. E a chuva que cai em Natal é forte. Quarta-feira de uma semana que começou com meu aniversário e termina com o início oficial do Carnaval, pois extra-oficialmente há alguns dias já se ensaia a folia em todo país e com toda a sua diversidade. Desde dos ensaios das grandes Escolas de Samba do Rio, aos Maracatus de Pernambuco, que ao contrário do frevo não gosto muito, passando pelo Axé em Salvador e muitas outras manifestações momescas de todos os tipos.

O que importa é a alegria que se instala em salões de clubes, nas ruas de Olinda ou de Ouro Preto, entre muitas outras cidades brasileiras. Aliás, as cidades do interior, inclusive aqui no estado, transformam-se no período do carnaval: dobram a população com visitantes que invadem as ruas tranqüilas atrás das bandinhas de sopro ou dos trios elétricos .

No litoral também tem festa. Na verdade, basta um som de carnaval em uma varanda de casa de praia: quem gosta samba, tenta uns passos de frevos ou se balança do seu jeito.

Vale cantar aos berros marchinhas antigas, frevos e sambas-enredos. Impossível não pular ao som de Vassourinhas, por exemplo.

Difícil não se sentir invadido pela alegria do Carnaval durante alguns minutos durante os quatros dias de folia, mesmo que escolhamos descansar no Carnaval.

A festa é democrática e todos podem usufruí-la. Para aproveitar a folia também não tem idade certa. Brincam crianças, adolescentes e adultos .

Vi e brinquei muitos carnavais. Já acordei rouca e com o corpo moído, mas com alegria ainda presente em cada músculo. Hoje não gosto do aperto, da aglomeração, nem do sufoco, mas continuo fã de Carnaval e experimento umas doses de euforia em cada ano, mesmo que durem apenas poucos minutos.

Trago uma imensidão de boas lembranças carnavalescas em mim, afinal, cantei milhares de vezes os versos da música de Zé Kéti que diz “Foi bom te ver outra vez/ Ta fazendo um ano/ Foi no Carnaval que passou/, Eu sou aquele Pierrô/ Que te abraçou/ Que te beijou meu amor./A mesma máscara negra que esconde o seu rosto/. Eu quero matar a saudade/. Vou beijar-te agora/. Não me leve a mal./ Hoje é Carnaval”.

Apesar de contraditório, Carnaval e saudade combinam muito bem.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 01/02/2008
Reeditado em 01/02/2008
Código do texto: T842268
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