Foi um dia esquisito o de ontem, talvez por ser um número primo, ou porque a soma dá onze. Quem sabe tenha sido por uma conjunção de fatores intra e extraterrestres. Neste caso não considerei um E.T. ou algo parecido.

    Enquanto tomava café eu ouvia as notícias relatadas por meu ex-mestre de história e corinthiano de corpo e alma: Heródoto Barbeiro. Se nosso presidente tivesse 10% da inteligência e sabedoria deste homem, com  certeza Lula não seria presidente e sim chefe da seção de ferramentaria de alguma montadora. Como ele percebeu que não iria muito longe na arte do trabalho, decidiu ser sindicalista.......e nós top, top, top (imitando um certo ministro de estado).

    As notícias eram prá lá de pessimistas: São Paulo tinha naquele momento 132 Km de congestionamento, ou seja uma fila de São Paulo a Santos (ida e volta!!). Chovera a noite toda, e pela cara das nuvens, a chuva seria mais longa que um discurso de Fidel Castro 5 anos atrás. Saí de casa com o espírito preparado para um dia longo e sofrível no trânsito na nossa querida paulicéia. Uma reunião no Anhembi às 12:00 era meu primeiro compromisso fora do escritório. Não tive dúvidas, peguei o caminho da roça às 10:30hs. Até aquele momento tudo estava como devia estar: molhado....já eram 12 horas seguidas de um chuva infindável.

      Meu caminho obrigatoriamente seria uma via crucis....assim pensava eu enquanto escutava Led Zeppelin. Algo estranho estava ocorrendo......nenhum semáforo fechado, poucos carros, poucos caminhões, pouco trânsito!!! Pensei: quando eu chegar perto da marginal tudo estará parado.
      Saio da Salim Farah Maluf e entro na marginal...sem parar.

       A água fustigava a todos. Nada de motoqueiros. Um ou outro passavam tirando finas dos carros, mas eram tão poucos que me senti como nos anos 80. Vendedores de bugingangas? Nada!!! Pedintes? Nem sombra deles. Mães adolescentes com seus filhos pedindo dinheiro....NENHUMA!!!!

      A marginal parecia uma avenida do interior do Mato Grosso, alguns caminhões, carros,  e até uma carroça puxada por um cavalo velho. Chego ao Anhembi em tempo recorde. Jamais cheguei tão rápido em um dia de chuva. Menos mal que meus sapatos tinham o solado de borracha, pois havia mais água no estacionamento do pavilhão que em toda Arabia Saudita.

    Passei o dia em reuniões e visitando a feira, que desta vez decidi não participar e que teve seus efeitos bastante positivos, mas isso eu conto outro dia. Teria um jantar com um amigo de longa data e achei melhor não sair muito tarde, pois com certeza a chuva transformaria em pesadelo o trânsito no fim do dia.

    Não podia acreditar........a 23 de Maio livre como nunca....o melhor caminho rumo ao Paraíso (espero que todos paulistanos tenham entendido o trocadilho!!!). Chego ao hotel para apanhar meu amigo antes da hora marcada. Ele também chegou antes do esperado e teve tempo de tomar uma ducha e trocar de roupa. Pergunto-lhe o que ele gostaria de jantar e ele me diz que um linguado seria uma boa opção. Eu simplesmente sou louco por linguado, portanto minha tarefa encontrava-se 50% solucionada.

    Faltava o restaurante. Decidi por um perto do hotel: o Lelis Trattoria.  Depois de 20 minutos tentando encontra-lo, minha saga chega ao fim. Entramos e a sensação foi muito estranha: havia somente um casal jantando!!!! Jamais vi aquele restaurante sem um pequena fila de pelo menos 20 minutos. Ficou difícil escolher uma mesa...de tantas opções possíveis.

      Jantamos muito bem e deixei-o no hotel. Volto para casa outra vez em tempo recorde. E a chuva nada de dar trégua.

     Analisando bem tudo o que aconteceu durante esse dia tão esquisito, cheguei a conclusão que para melhorar o  trânsito de São Paulo só precisamos de uma coisa: CHUVA!!!! MUITA CHUVA!!!!! As pessoas fugiram da chuva como baratas da luz. Para que marronzinhos nervosos? Vamos rezar para São Pedro nos ajudar e mandar mais chuva ainda!!!!  Não muito forte, mas constante.

        São Paulo é uma cidade realmente estranha, encantadora, surpreendente, sem lógica, sem dono: uma linda,  elegante e madura mulher

       Um abraço molhado,