Mentir nunca foi um bom negócio

Mentir, às vezes nos colocam em situações tais, que dificilmente conseguimos sair bem. Lembro-me muito bem de uma ocasião que entrei numa enrascada que me causou grandes transtornos, além de prejuízos financeiros, por falar uma mentira sem pensar nas conseqüências desastrosas. Foi mais ou menos assim:

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UMA VIAGEM TUMULTUADA

Era uma Sexta-feira de Março. Nesse dia ainda na cama elaborei um plano de viagem um tanto diferente dos demais. Era um costume meu viajar todas as Sextas-feiras para o interior. Levantei, escovei os dentes e fui tomar o café da manhã, com o firme propósito na cabeça, em convidar minha namorada para viajar comigo, pois a família dela morava na rua onde eu passaria com o carro. Naquele tempo a estrada passava por dentro das cidades.

Eu morava em São Paulo, tinha uma namorada, cuja família era de Piraju no interior do Estado de São Paulo. Como Representante Comercial de profissão, aos finais de semana sempre procurava viajar para o interior para passar o Sábado e Domingo por lá, longe das correrias de São Paulo e, na Segunda-feira, já descansado iniciaria minhas atividades de trabalho. Assim, viajando no final de semana para a cidade que ficasse no centro de minhas atividades, seria uma vantagem muito boa porque além de passar o final de semana mais tranqüilo, eu podia elaborar melhor, os meus itinerários de viagem. Por exemplo: se eu ia fazer Estado de Mato Grosso, eu pegava o avião na Sexta-feira para Campo Grande; se fosse para o Paraná, eu ia de carro até Londrina; se fosse para o interior de São Paulo, iria de carro para Assis que ficava no centro da região onde eu iria trabalhar. Esse era um costume que eu adotava sempre, pois facilitava em muito o meu trabalho.

Nesse dia, me levantei disposto, mas com umas idéias na cabeça. Seguinte: como eu ia trabalhar na região da média e alta Sorocabana, eu viajaria para Assis, uma cidade central da região. A minha namorada era de Piraju no interior, mas ela trabalhava em São Paulo numa Empresa de Transportes e saia às 17 horas do serviço.

Depois de pensar bastante, liguei para ela convidando-a para aproveitar uma carona até Piraju na casa de sua família, pois eu viajaria naquele dia para Assis e passaria pela sua cidade. Ela não pensou duas vezes, topou logo de cara. O problema era que ela só poderia viajar à noite devido ter que trabalhar até as cinco horas da tarde. Eu concordei e marcamos de nos encontrar as sete horas da noite, mas antes de viajar tomaríamos algumas cervas e faríamos um lanche.

A distância de São Paulo até Piraju era em torno de 300 kilômetros, por uma estrada não muito boa e com alguns desvios, pois ainda estavam terminando de construi-la. De forma que previmos chegar em Piraju pela manhã do dia seguinte. O fato é que começamos a tomar umas e outras e só saímos de viagem lá pelas 10 horas da noite meio “grogues”.

A viagem foi meio tumultuada, pois logo no início da viagem, ao fazer uma curva fechada quase caímos numa ribanceira. Depois disso eu falei com a namorada: “acho melhor nós pararmos um pouquinho aqui na estrada, dar uma cochilada para depois prosseguir a viagem”. Ela concordou tiramos um bom cochilo no carro e, lá pelas 2 horas da madrugada, prosseguimos viagem.

Chegamos em Piraju às 9 horas da manhã. A estrada passava por dentro da cidade e bem em frente à casa da namorada. Parei o carro e descemos. Sua mãe, seu tio e outra senhora estavam sentados na sala que era a porta de entrada de sua casa.

Depois dos cumprimentos e apresentações, fiquei sabendo que o seu tio era de Assis, e estava de viagem para lá, justamente a cidade do meu destino. O tio da namorada, falou comigo: “então você vai para Assis, hein”? Eu, adiantando o seu pensamento para uma possível carona, respondi: “Mas antes vou a Londrina acertar uns negócios por lá”, apenas para evitar levar o homem, pois detestava dar carona. Por isso menti que de fato eu ia para Londrina, depois é que iria para Assis. Fiquei pasmo em ouvir o homem responder: “que sorte a minha, neste caso vou aproveitar para ir com você a Londrina, pois eu ia para Assis e depois para Londrina, tenho que ver uma certa pessoa por lá”. Como ele me pegou de supetão, fiquei sem saber o que responder, pois nesse momento todos olhavam para mim. Foi aí que respondi que sim, sem problema, se respondesse não, certamente, eu causaria uma péssima impressão por recusar dar uma carona ao tio da namorada, ou então, passaria por mentiroso, acho que não ia pegar bem. Pois bem, para não passar por mentiroso, dei uma volta de mais de 300 kilômetros morrendo de raiva da minha estupidez. Fui especialmente à Londrina para levar o homem.

Durante a viagem fui pensando nos meus prejuízos não só do combustível, mas também nos prejuízos de tempo, cansaço e dor de cabeça. Deixei o tio na cidade, acho até que nem me despedi dele. Em seguida, Imediatamente, coloquei novamente o carro na estrada e acabei chegando em Assis as 4 e meia da tarde do Sábado, super cansado. Por essa eu não esperava, foi aí que eu adquiri uma boa experiência e aprendi a dizer “não” sempre que o pedido não me fosse conveniente. E, nunca mais mentir a não ser que seja alguma mentira em defesa do meu ego.

Nota: No meu livro “ Introspecção” e "Nos Mistérios dos Sonhos e da Vida” (2ª edição do livro Introspecção) eu escrevi um texto de um tema cujo nome é: (Saiba dizer Não). Esse tema trata-se desse assunto com maior profundidade.

Luiz Pádua
Enviado por Luiz Pádua em 30/01/2008
Código do texto: T839586