GORDURINHA

Com o falecimento do Gordurinha, no nosso grupo de amigos de infância e de adolescência, entre várias mensagens de pesar, o Marco Sampaio escreveu essas memórias. O trágico-cômico como acontece em nossas cidades.

E por falar em "maldades" lembrei-me de algumas outras que ainda não disse, mas um dia falo. rs.

Marco Bastos

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Marco - foi isso mesmo - acho que o Helio também estava - e uma outra vez nesse mesmo clube - encontrei o Tu (falecido), cantando com o Dite Megid. Saudades...

Alcilene.

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GORDURINHA.

(Marco Sampaio)

O Hélio tem boas lembranças do Gordurinha. Era assim mesmo: alegre,

meio imaturo, ingênuo e com uma incrível necessidade de se enturmar.

Fazíamos serenata naquela época. Queria porque queria que a irmã

recebesse uma visita. Depois de muito implorar, lá fomos nós, fazer a

serenata. A irmã abriu a janela e começou a chorar, debruçada nos

ombros do Gordurinha que dizia: "São meus amigos! Eu não disse que

conseguiria isso para você?". Era seu aniversário.

Uma vez ele me perguntou o que deveria fazer para entrar na turma.

Disse a ele que iria pensar no assunto. Fui conversar com o Mosca e o

Filo, filho do Isael. Combinamos o seguinte: deveria escolher uma

poesia (recitávamos algumas poesias no Guapo) e deveria declamá-la à meia-noite no Cemitério, de pé, sobre a tumba que nós iríamos indicar.

Ficaríamos do lado de fora assistindo a cena. Antes da hora marcada,

o Mosca foi ao Cemitério e ficou escondido atrás do túmulo que

havíamos escolhido. Na hora marcada, lá fomos nós, com o iniciado,

que havia escolhido uma poesia do Cruz e Sousa. Ficamos do lado de

fora do portão e indicamos o túmulo. Gordurinha pulou o portão,

dirigiu-se à tumba, postou-se de pé sobre ela e ao nosso sinal

começou a declamar: "Eu, filho do carbono e do amoníaco..." De

repente, o Mosca, que estava escondido, agarrou no pé do

Gordurinha.. . Saímos todos correndo, entramos no carro e fomos para o Guapo, morrendo de rir, deixando o pobre coitado a pé. Depois chegou ao Guapo, cansado e cagado nas calças, rindo e perguntando se agora fazia parte da turma.

O jornal anunciava que o semáforo chegaria, em breve, a Andradina.

Gordurinha me procurou e perguntou o que era esse tal de semáforo. Eu disse a ele, muito sério, que o semáforo era um vírus que dava muita dor de cabeça e que a dor era tanta e que, às vezes, fazia você parar na esquina e ficar esperando até a dor passar...

Numa brincadeira dançante no ATC, não é que o Gordurinha foi dançar, acho que com a Alcilene. Após a dança a Alcilene me repreendeu pela maldade, pois o Gordurinha havia se desculpado por dançar tão mal e achava que estava com um semáforo na cabeça!

Depois de muito tempo, fui inaugurar uma agência do Itaú em Araçatuba e lá estava o Gordurinha em cima de um caminhão, fazendo a campanha eleitoral para o Orency Rodrigues. Quando me viu, sentado numa mesa na calçada em frente ao bar, pulou no caminhão, me abraçou gritando: "Agora estou bem, sou funcionário público federal e não faço nada!".

Eu o vi, pela última vez, quando fui ao 2º Encontro dos

Andradinenses. Com que alegria ele preparou um churrasco e uma

cervejada num clubinho que a turma havia fundado. Só para nos

recepcionar e com orgulho de ser reconhecido e participar daquele

clube exclusivo. O Wilton. Alcilene e o Osório estavam lá naquela

noite.

Boas lembranças que compartilhamos, meu querido Hélio.

Marco Sampaio, que fez algumas maldades na vida